Hoje, o Atlético irá enfrentar o São Bernardo-SP pela quarta fase da Copa São Paulo. Vindo de três vitórias consecutivas, o “Galinho” conseguiu se recuperar da derrota na estreia e engrenar na competição. Comandada por Marcos Valadares, a equipe traz Anderson Valiñas, ex-jogador do clube, como auxiliar-técnico. Conhecido como Canela nos tempos de atleta, ele atuava como meio-campista e foi campeão mineiro em 1995. Há alguns anos ele trabalha na base do clube, onde integra a comissão sub-20 desde 2018.
Se preparando para atuar trabalhar no futebol profissional no futuro, Anderson é formado em educação física e já tem as licenças B e A da CBF, que o qualificam para treinar tanto equipes de base quanto profissionais. Em entrevista exclusiva ao Mais Minas, o auxiliar atleticano nos contou sobre suas memórias dos tempos de base, seu papel na comissão atleticana e sobre gestão de elenco. Confira:
Passado vitorioso na base
Revelado na base do Atlético, Anderson nos contou um pouco sobre as suas lembranças da Copa São Paulo:
“Eu cheguei no Atlético aos nove anos de idade, onde passei dez anos de base e cinco no profissional. Tive a oportunidade de disputar duas “Copinhas”, nos anos de 1992 e 93, onde lembro de inclusive marcar gols. Principalmente em um jogo que nós perdemos para o Vitória, que tinha os atletas que formariam o elenco vice-campeão brasileiro naquele ano. Esse time do Vitória tinha Dida, Paulo Isidoro, Vampeta, Alex Alves. Era uma equipe muito boa. Lembro das experiências de jogar contra o Paraná Clube de Ricardinho e Paulo Miranda, Palmeiras que também era da nossa chave e tinha Amaral e Marcos. Experiências gostosas de uma competição um pouco diferente dessa de hoje, já que naquela época tinham bem mais times grandes na primeira fase. Eu lembro que numa dessas a nossa chave foi com esses três times que citei. Hoje aumentou muito o número de clubes, mas isso não fez perder o brilho, porque é normal essa evolução. Outras equipes aparecem e isso dá uma oportunidade maior para clubes menores. Em 1994, quando teve a primeira Supercopa São Paulo, eu tive o prazer de ser campeão. Foi uma competição disputada em julho, onde só os campeões da “Copinha” se enfrentaram. Apesar de ser pouco divulgado, eu considero o título mais importante da base do Galo. O treinador era o Ricardo Drubscky e eu era o capitão da equipe. Eu já estava no profissional e desci pra jogar essa Supercopa. Além de mim, o Bruno, o Edgar e o Cairo também jogaram no Atlético”.
A edição da ‘Copinha’ citada por Anderson é a de 1993. Naquele ano, o Galo foi eliminado ainda na primeira fase, num grupo que tinha Paraná, que também foi eliminado, Palmeiras e Vitória, que se classificaram para a fase seguinte. A equipe baiana acabou chegando longe na competição, terminando em terceiro lugar. Já na Supercopa São Paulo de 1994, o Atlético foi campeão vencendo o Internacional por 1 a 0. No ano seguinte a competição foi realizada pela última vez. A edição de 1995 ficou marcada pela trágica briga generalizada que ocorreu no Pacaembu após a final, que foi disputada entre Palmeiras e São Paulo. O confronto entre os torcedores de ambas as equipes ocorreu no gramado do estádio e resultou em mais de 100 feridos e um morto. Esse foi o maior conflito entre torcidas da história do futebol brasileiro.
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As funções do auxiliar
Trabalhando com Marcos Valadares desde o fim de 2019, Anderson explicou um pouco sobre a sua função e um pouco do trabalho que é feito em uma competição curta, como a Copa São Paulo. Veja:
“Sim, nossa função de auxiliar-técnico, como diz o nome, é buscar auxiliar o treinador, o Marcos Valadares, naquilo que ele pensa, naquilo que ele busca para a melhoria da equipe, principalmente na parte tática. A gente ainda está se conhecendo, ele chegou aqui em novembro. É um período curto de trabalho e ele tem uma forma diferente de jogar do Leandro Zago (ex-treinador do time sub-20 atleticano). O jogo do Marcos é de mais posse de bola, com jogo apoiado, marcação por pressão, um jogo mais ofensivo. Já o do Leandro é um jogo mais reativo, que racha mais o bloco e sai em transição. A gente sabe que essas mudanças de comportamento levam tempo e eu como auxiliar tento ajudá-lo para que os conteúdos e o sistema que ele quer implantar sejam absorvidos o mais rápido possível pelos atletas. É também nossa função estar ali ajudando, levando informações, levando um ponto de vista diferente ao treinador, para que ele possa em cima de uma outra opinião, pensar no que pode ser melhorado. Como foi falado, a “Copinha” é realizada em poucos dias, então a gente trabalha para manter o nível de concentração dos atletas o mais alto possível. Conscientizá-los de que eles já estão no topo da pirâmide, chegando próximo de seus objetivos e que esse é um período crucial para eles. É uma competição que muda e pode mudar a carreira de qualquer jogador. Levar a eles um grande de número de informações sobre os adversários e o torneio também é uma das minhas funções”.
O trabalho com os garotos
Por ser disputada em um mesmo lugar e em um curto período de tempo, a Copa São Paulo faz com que os atletas fiquem um tempo ‘ilhados’ na concentração. Anderson contou um pouco sobre como é feita a gestão do elenco nesse período de concentração total.
“A questão de ficar muito tempo longe da rotina normal, eu acredito que muitos dos atletas já estejam acostumados, por estarem dentro do processo de formação do clube há muito tempo. O nosso CT em Belo Horizonte também é um pouco afastado da cidade, o que ajuda a gente nesse processo. Mas eles vem pra cá já cientes do nível de concentração e que a cabeça deles tem que estar voltada para a competição. Por serem poucos dias a gente consegue administrar bem isso. A comissão técnica tenta otimizar o tempo deles e não deixar aquela coisa monótona de ficar só no quarto. Nós passamos vídeos dos nossos adversários, vídeos do nosso time, eles tem o processo de ‘recovering’, então a gente sempre tenta manter eles ativos dentro do hotel, mas sempre focados em melhoria para a competição. Com o fim da primeira fase, após o nosso jogo jogo na quinta-feira (9), no dia seguinte, após o processo de recuperação e o café da manhã, a gente deu uma folga para eles na parte da tarde. Até às 19h eles ficaram livres para poder ir ao shopping, dar uma volta. Essa é a forma que trabalhamos que eles mantenham a competição mas também tenham um período de descanso. A gente sabe que não é fácil ficar concentrado num hotel, mas pela experiência que eu tenho dentro da base, isso é algo que tem sido bem feito aqui dentro do Atlético e a gente não tem tido problema nenhum. Pelo contrário, os atletas já crescem entendendo esse processo. Pra eles tem sido tranquilo, assim como para nós da comissão”.
O Atlético enfrenta o São Bernardo-SP às 14h45 dessa terça-feira (14). A equipe que sair vitoriosa desse confronto enfrentará o vencedor de Grêmio x Chapecoense pelas oitavas de final.
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