Após o deslizamento de terra no Morro da Forca, em Ouro Preto, ser notícia no país inteiro na última semana, a situação geológica do município chamou a atenção dos principais veículos de comunicação do Brasil. Um levantamento publicado pelo Serviço Geológico do Brasil, empresa pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia, mostra que há 882 domicílios particulares e coletivos localizados em áreas de risco geológico alto ou muito alto na cidade.
Pelo levantamento, aproximadamente 3 mil pessoas residem em áreas de risco geológico. O estudo diz ainda que a renda média mensal por domicílio em área de risco é de R$ 1.128,32.
Segundo o Serviço Geológico, grande parte dos domicílios se encontram em áreas sujeitas a sofrer perdas ou danos decorrentes da instabilidade de encostas a partir da deflagração, sendo:
- Deslizamentos: 81,81%;
- Quedas e tombamentos de blocos rochosos: 9,46%;
- De rastejo, algo como um movimento lento do solo: 6,21%;
- Domicílios em áreas de risco a enxurrada (2,36%).
De acordo com o estudo, Ouro Preto foi edificada, em grande parte, sob terrenos inclinados, assim, quando se analisa os processos geológicos associados às áreas de risco, é notável o predomínio das instalações de encosta.
Para fazer o levantamento, o órgão utilizou um mapeamento de cerca de 313 áreas de risco geológico feito ainda em 2016 pelo próprio Serviço Geológico do Brasil, em que se encontrava o local que houve deslizamento na última semana.
Em 2012, o prefeito de Ouro Preto, Angelo Oswaldo (PV), submeteu projetos junto ao Governo Federal no programa PAC das Encostas para captação de recursos para investimento em medidas de contenção das várias encostas com risco de deslizamento. De acordo com a prefeitura, as duas últimas gestões não se movimentaram para disponibilidade do recurso.
Em 2021, de volta ao governo, Angelo Oswaldo conseguiu resgatar o convênio e, no momento, a Prefeitura de Ouro Preto informou que aguarda um posicionamento do Governo Federal e Estadual para definição das obras e locais onde ocorrerão as intervenções.
A Prefeitura de Ouro Preto informou ainda que no início do ano de 2021, a Secretaria de Obras e Urbanismo iniciou todos os estudos geotécnicos solicitados pela Hidros. Foram solicitados pela empresa vários pontos de sondagem rotativa em praticamente todas as áreas críticas levantadas no PAC das Encostas.
No dia 22 de Julho de 2021 foi realizada uma reunião em Belo Horizonte com a Secretaria de Obras e Urbanismo de Ouro Preto, junto ao Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem (DER-MG) e a empresa Hidros. Nesta reunião, foi solicitado pelo secretário de Obras e Urbanismo, Antônio Simões, que as obras do PAC das Encostas fossem iniciadas o quanto antes, sabendo do risco iminente das encostas.
Houve esta solicitação, pois havia sido informado pela Hidros que em algumas áreas de risco já havia projetos e até mesmo orçamento, a área do Morro da Forca era uma delas. O pedido do secretário não obteve sucesso, segundo a Prefeitura de Ouro Preto, pois foi informado tanto pela Hidros quanto pelo DER que a verba das obras só iriam ser licitadas quando acabassem os projetos de todas as áreas do PAC das Encostas.
Muitos pontos de sondagem rotativa levantados pela Hidros não são possíveis de executar, pelo fato da sonda ter aproximadamente uma tonelada e não ser fácil de instalar em taludes muito íngremes. Assim, foi solicitado pela Secretaria de Obras e Urbanismo que a empresa revisse os pontos de sondagem rotativa. Os pontos foram revisados, porém, mesmo assim, havia alguns locais que não seriam possíveis executar e, além disso, a empresa solicitou outros ensaios que antes não eram necessários.
A previsão de término de todas as sondagens do PAC das Encostas está prevista para terminar em meados de 2022.