FAOP inaugura novas exposições nesta sexta (29/04)

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A Fundação de Arte de Ouro Preto| FAOP inaugura nesta sexta-feira (29/04), a partir das 17h, duas exposições na Galeria de Arte Nello Nuno. “Principum”, do artista Gerson Flores, e “TrajHistórias” de Reginaldo Luiz Cardoso e Marcelo Santos, serão abertas ao público, com entrada gratuita, em Ouro Preto. 

As exposições levarão os visitantes, de maneiras distintas, a uma viagem sensível pelo cotidiano, a partir do olhar único de seus criadores. Reginaldo e Luiz são fotógrafos mineiros e Gerson é um artista em situação de rua em Belo Horizonte.

FAOP inaugura novas exposições nesta sexta (29/04)
Trajhistórias - Foto: divulgação

Principium e Gerson Flores

Exposição Principium, de Gersum Flores – Foto: divulgação
Exposição Principium, de Gersum Flores – Foto: divulgação

Gerson Flores, nascido em 1973, conta que vive nas ruas há mais de 20 anos, desde quando perdeu sua mãe, e passou por momentos conturbados com os irmãos por causa da divisão do imóvel que ela possuía. Costuma passar os seus dias nas calçadas da região central de Belo Horizonte, sempre acompanhado de seu cão, Pitoco, que chegou em sua vida ainda filhote, há pelo menos 4 anos.

Com habilidades de lanterneiro, seu primeiro contato com a arte foi produzindo esculturas de latinhas, já o trabalho com pintura começou há poucos anos. Gerson contou a Alexandre Mascarenhas, curador da exposição, que o pontapé para começar a pintar veio de seu fiel escudeiro, Pitoco. O cachorro costumava mastigar canetinhas coloridas encontradas pelo caminho, e para evitar tal comportamento, Gerson passou a usá-las para desenhar, inicialmente. Logo em seguida, se aventurou pela pintura, e atualmente suas obras retratam cenas bíblicas, paisagens urbanas, figuras folclóricas, estruturas arquitetônicas, e muito mais.

Uma das figuras que mais aparecem em seus trabalhos é o ser que ele denomina como onbeck/ongbeck, que corresponde a um ser vitorioso e valente que viveu no passado, representado por uma cabeça ornamentada de diamantes, sendo, por vezes, estrangulada pela serpente. Para Mascarenhas, que teve contato com a arte de Gerson e sugeriu a exposição, a iconografia representa de maneira clara a dicotomia entre poder e traição.

Para conseguir dar vida a seu trabalho, o artista conta com as ferramentas disponíveis no seu cotidiano, seja caminhando, buscando nas latas de lixo e em caçambas, ou mesmo recebendo doações de pessoas ou empresas: galhos de árvores, pincéis, trinchas, escovas de dimensões e diâmetros variados, restos de tintas PVA e esmalte. Já como suporte, utiliza pedaços de grandes dimensões de compensado, aglomerado, eucatex ou de madeira.

Os quadros expostos na rua chamam atenção, e muitas vezes Gerson usou a sua arte para conseguir comer. Agora, Gerson irá expor em uma galeria pela primeira vez. Para Alexandre Mascarenhas, curador da mostra, a arte de Gerson Flores precisa ser vista. “Sua obra não segue tendências, preceitos ou normativas academicistas. Não segue padrões técnicos ou tecnológicos. Não possui caráter oficial aos princípios estilísticos de um determinado período da história da arte. É atemporal à sua história de vida e contemporâneo em seus suportes, dimensões e traços”, afirma.

Ana Célia Teixeira, da equipe da FAOP, fala sobre suas percepções sobre a exposição: “O trabalho do Gerson é muito forte, que diz sobre o seu imaginário, que vem, também, da sua situação da falta de moradia”.

TrajHistórias

Trajhistórias - Foto: divulgação
Trajhistórias – Foto: divulgação
Trajhistórias – Foto: divulgação

Marcelo Santos e Reginaldo Luiz Cardoso apresentam em TrajHistórias dois ensaios fotográficos que se sobrepõem no que diz respeito a seus olhares sobre o mundo. O ensaio de Marcelo é centrado na fotografia de rua e mostra flashes, instantâneos da vida na cidade, com fotografias que prometem encantar os visitantes. Já Reginaldo aponta para aquilo que está à frente do cotidiano das cidades e das pessoas, mas que não é percebido, seja pela pressa ou pela falta de sensibilidade visual.

O belo-horizontino Marcelo Santos chegou a se formar em Psicologia, e lecionar em cursos superiores, mas sua carreira foi tomada pela paixão pela fotografia. Tem grande interesse pela fotografia documental, especialmente a de rua, e realiza exposições desde 2015. No ano passado, publicou seu primeiro fotolivro, intitulado “CHÃO”. 

Reginaldo Cardoso vive na capital mineira, mas é ouro-pretano, e já participou, coincidentemente, de cursos na FAOP ainda menino. Além de fotógrafo, é urbanista, e costuma unir os conhecimentos em seus olhares fotográficos. Sua primeira exposição aconteceu no Rio de Janeiro, em 2008, e desde então, dentre outros prêmios, já recebeu menção honrosa no II Concurso Nacional de Fotografia-Arquitetura e Urbanismo, e foi indicado ao Prêmio Sesc Marc Ferrez de Fotografia.

O título “TrajHistórias” já anuncia um resumo do trabalho dos dois artistas e, principalmente, o ponto de encontro dos dois. Para os fotógrafos, a união dos trabalhos pode ser resumida da seguinte forma: duas visões da cidade, duas maneiras de pensar e vivenciar a cidade, duas maneiras de expor essas imagens, ambas apontando aquilo que se pode denominar de insensibilidade visual.

A exposição fotográfica referente ao Projeto “TrajHistórias” é composta por  30 fotografias digitais pertencentes aos acervos dos artistas (15 fotografias de cada um), feitas em suas incursões pelas cidades.

Sobre as expectativas e percepções para a exposição, Ana Célia, da equipe FAOP nos diz: “É sempre  muito bom receber novas propostas de  exposições  com linguagens diferentes. Foi uma surpresa para nós saber que o Reginaldo é  Ouropretano e foi um dos primeiros  alunos da FAOP. Ele tem uma belíssima  história para contar sobre a primeira turma de arte da Fundação, com a professora e fundadora da escola de arte, Annamélia Lopes.

As exposições ficarão em cartaz até o dia 29 de maio na Galeria de Arte Nello Nuno, localizada na Rua Getúlio Vargas, 185, Centro, em Ouro Preto (MG). O espaço fica aberto ao público de terça-feira à sexta-feira, de 9h às 12h, e de 13h às 17h, e aos sábados e domingos, de 14h às 18h, com entrada gratuita e seguindo as atuais orientações contra a Covid-19.

O processo de preparação do espaço e montagem da exposição fica por conta da equipe da FAOP, que conta com: Ana Célia Teixeira, Lara Brandão, Gilson dos Passos e Ana Beatriz Araújo.

Fonte: Assessoria de Comunicação da FAOP

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