Por Prefeitura de Itabirito – O Carnaval de Itabirito guarda em seu enredo a história e a tradição. Uma delas é retratada por meio dos bonecos gigantes que dão colorido especial às ladeiras do Centro Histórico e as ruas do Circuito Central durante os desfiles de blocos.
A aparição de dois dos primeiros bonecos gigantes data do início do século XX, na década de 1920. Batizados de Coronel e Gilda, são de propriedade do União Sport Clube que os levou para à rua pela primeira vez acompanhando o desfile do então ‘Cordão do União’.
De lá para cá, a tradição foi se perpetuando, até que na década de 1950 outros bonecos foram introduzidos nos desfiles de Carnaval de Itabirito. Um deles era o Capeta, sátira a um dos ícones mais comentados e temidos pelos cristãos.
No entanto, os anos se passaram e a tradição se perdeu, sendo novamente retomada na primeira década do século XXI, precisamente no ano de 2009, com a aparição dos Bonecos Nomba Tizo e Capetão nos desfiles de Carnaval.
Mistura de Carnaval e história
A tradição de bonecos foi introduzida ao Carnaval do Brasil em 1919. Foi na cidade de Belém de São Francisco, interior de Pernambuco, que surgiu o primeiro boneco gigante carnavalesco, batizado de Zé Pereira. Um jovem criou o boneco após ouvir as histórias de um padre belga sobre figuras gigantes criadas na Europa para impressionar os cristãos em eventos religiosos.
Jeito brasileiro e homenagem a personalidades
Os personagens retratados pelos bonecos brasileiros representam grandes personalidades. Em Itabirito, não é diferente. Telê Santana, itabiritense e ícone do futebol brasileiro, é uma dessas personalidades que ganhou um boneco gigante.
Em algumas situações, eles representam até mesmo uma espécie de protesto, como é o caso de Nomba Tizo e Capetão. Eles foram idealizados pelo itabiritense Chico Batista e esculpidos por João Bosco Marques Assunção, filho do saudoso Cavaquinho. “Comecei a idealizar essas duas representações em 2008, após vivenciar em minha família um fato bastante peculiar. Ambos desfilaram pela primeira vez no Carnaval de 2009, integrando o bloco dos Bonecos”, revelou o idealizador.
E foi pela inspiração de Chico Batista que, pouco a pouco, novos bonecos foram introduzidos ao Carnaval itabiritense, a exemplo de Juca, Tia Lolinha, Anésio, Elson Cruz, Maestro Dungas, entre outros. Recentemente, a propriedade dos bonecos foi repassada por Chico Batista à Prefeitura.
Atualmente, 17 bonecos compõem o acervo da Prefeitura, além dos bonecos Coronel e Gilda que desfilam exclusivamente no Cordão da Nova.
Curiosidades
Os bonecos têm em sua composição fibra de vidro e alumínio, tecido, isopor, papel e madeira. Com até quatro metros de altura e pesando até 50 quilos, eles chamam a atenção e fazem sucesso no percurso dos desfiles. Mas manter a estrutura das personalidades não é tarefa fácil.
Técnicas de revitalização
Atrações à parte, os bonecos se tornaram um dos símbolos do Carnaval itabiritense. E uma das novidades para o Itabirito Folia 2023 é a restauração e revitalização de todos eles. É um trabalho minucioso e silencioso realizado pelo artista plástico itabiritense Vinícius Emanuel. “Para revitalizar os bonecos eu coloquei em prática o conhecimento que aprendi com meu pai. Ao iniciar a revitalização, retirei deles todo material não adequado utilizado em processos de restauro anteriores”, ressaltou Vinícius.
Entre uma técnica e outra, o artista levou em consideração cada personalidade retratada nos bonecos. “As pessoas representadas neles dão ainda mais peso ao restauro. Precisei refazer alguns do zero. Criei adereços como cordões, batons, brincos, roupas novas, cabelos, tons de pele reais com uso de tintas únicas, próximas à pele humana. Tudo para recriar de forma fidedigna a personalidade retratada nesses gigantes”, destacou.
Herdeiro de tradições carnavalescas por parte de sua família, Vinícius finalizou a restauração dos bonecos e aguarda ansiosamente o início do Carnaval para vestir uma de suas obras e desfilar pelas ruas de Itabirito. “Vestir o boneco é voltar às minhas origens. Danço, pulo, animo as pessoas. Faço o que gosto. É um trabalho em que me envolvo muito e totalmente silencioso. Quase ninguém sabe da minha participação. É gratificante arrancar sorrisos das pessoas e ajudar a manter nossa tradição”, finalizou o artista plástico.