Kandandu, encontro dos blocos afro, abre o carnaval de Belo Horizonte

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O carnaval belo-horizontino de 2019 está oficialmente inaugurado! Nesta sexta-feira, foi realizado o evento de inauguração das festividades na cidade com o evento Kandandu, que é o encontro dos blocos afro da cidade. A festa aconteceu na Praça da Estação, e mesmo apesar da chuva o público presente não parou de dançar em nenhum instante.

Uma das atrações do encontro foi o bloco Oficina Tambolelê, que está completando 20 anos de existência, e trouxe o melhor da música afro-brasileira e sacudiu o público com seus tambores e vocais poderosos.

O regente do grupo, Acauã Rane, de 22 anos, falou com a reportagem do Mais Minas sobre a importância do Kandandu, sendo este um bloco composto em sua maior parte por pessoas negras e periféricas.

“Muda tudo (o bloco), a gente cresce ouvindo que a gente não pode, que a gente não consegue, que a gente é incapaz, que a gente é carente e que a gente é um monte de coisa, menos que somos capazes e podemos. E graças a esse bloco, eu mesmo posso falar por experiência própria, eu já tive em quatro países do continente europeu, já estive nos Estados Unidos, tudo através do que esse projeto proporcionou. Esse projeto, já há 20 anos atrás, ensinou pra gente a questão do se empoderar, do se tornar capaz, se fazer capaz de correr atrás daquilo que você acredita”, disse Acauã.

Foto: Maicon Carlos

Público

O público também se mostrou empolgado com o bloco, principalmente pelo fator do empoderamento.

A foliã Daiana Cipriano falou das suas motivações para acompanhar os blocos africanos e a importância deles para o Carnaval de BH.

“Estou aqui hoje pois estou prestigiando a minha origem, que é afro, pois tenho muito orgulho em ser negra e porque não só Belo Horizonte, como o país, precisa de mais diversidade. Principalmente das origens negras, das religiões afros brasileiras”, falou Daiana.

Foto: Maicon Carlos

A mulher falou ainda do que o Carnaval representa para ela.

“O Carnaval significa pra mim uma mistura de todos os gêneros e raças. É uma festa popular onde todos podem se divertir e na maioria das vezes de graça”, finalizou.

Música Africana

A cultura africana foi lembrada no dia que marca o início das atividades carnavalescas da capital mineira, justamente pela relação das culturas intercontinentais. Para Agnaldo Müller, presidente da Associação dos Blocos Afro de Minas Gerais (ABAFRO), o carnaval brasileiro é dessedente da própria cultura africana e considera necessária a valorizar a sua importância.                                                                                                                                                                                “Cinquenta e seis por cento da população brasileira é dessedente da matriz africana, então essa cultura do samba, do axé, do funk e do hip hop são todas culturas afro dessedentes. Organizar um carnaval negro é o normal, a escola de samba é do povo negro, a diferença do bloco afro é que ele assume a identidade negra, somos os protagonistas da nossa história, e não outros fazendo nossa cultura, como acontece de maneira geral.”

Ainda no segundo dia de carnaval (02), as atrações Dj Rafa Roots, Kizomba, Afrodum, Afroxê Bandarerê, Timbaleiros do Gueto e Swing Safado agitam o carnaval africano na Praça da Estação, a partir das 17h.

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