A semana foi de tensão entre a administração do Mineirão e a torcida do Cruzeiro. Tudo pela retirada da faixa que trazia os dizeres “Toca da Raposa 3” e ficava posicionada na região central do campo, em posição nobre, à vista da transmissão televisiva. A ordem de retirada se deu após a empresa que administra o ‘Gigante da Pampulha’ se incomodar com a denominação dada pelo jogo virtual de futebol, Pro Evolution Soccer 2019 (PES 2019), em sua versão internacional. No game, o estádio foi “batizado” com o mesmo nome que a dita faixa ostentava: Toca da Raposa III.
Apesar de entender a situação do Mineirão, que perde em marketing e exposição fora do país, não consigo enxergar o porquê de solicitar a retirada da faixa e posteriormente o reposicionamento da mesma em outro setor, menos visível, do estádio. Afinal, o Cruzeiro e a faixa pouco tem a ver com isso.
Mas a discussão proposta nesse texto nem é essa. Quero levantar uma questão que surge diversas vezes à cada temporada, principalmente quando a Minas Arena comete alguns de seus tantos equívocos em relação ao Cruzeiro e seu torcedor. A pergunta é: O cruzeirense quer um novo estádio?
Bom, particularmente, eu não. Não sei se por ser saudosista demais, por amar o Mineirão e enxergá-lo como casa, tanto minha, como do meu clube amado ou por outro motivo qualquer. Mas se me perguntam se queria ver o Cruzeiro migrar para mais uma das compactas e modernas arenas que vem surgindo no Brasil, a resposta será sempre um belo e sonoro NÃO!
Não discordo quando alguns falam que a aquisição de um estádio próprio faz parte da evolução e modernização natural de um clube entre tantos outros argumentos. Mas por outro lado, acredito que não é essa a única forma de elevar o patamar do clube. O Cruzeiro é o Mineirão e o Mineirão é o Cruzeiro. Doa a quem doer. E quem diz é a história. O Cruzeiro é o time que mais atuou, mais venceu, mais marcou gols e mais levantou títulos no estádio. Além de ostentar os recordes de público tanto antes quanto depois da reforma do maior palco do futebol mineiro.
Eu repudio veementemente aqueles que esquecem de sua história. Me dá enorme tristeza abrir os portais esportivos e me deparar com notícias sobre o Olímpico, antigo e icônico estádio do Grêmio em ruínas, abandonado e esquecido após a construção de mais uma das Arenas padrão FIFA. E só de imaginar ver o “Gigante da Pampulha” numa situação semelhante, meu coração aperta. Afinal, o Mineirão, para os que vestem azul, não é um salão de festas apenas, mas sim a própria casa. Onde festejamos sim, mais que ninguém, mas é o lugar que também procuramos abrigo, nos emocionamos e estamos, nas boas e nas más. Onde ascendemos, de terceiro à primeiro clube de Minas, onde titubeamos, mas jamais caímos. E, se não acredita no que eu falo, faça o teste. Pergunte a um torcedor “de fora”, qual o primeiro time que o vem à cabeça ao ouvir “Mineirão”. Te dou um doce se não for o Cruzeiro.
Mas é claro, a relação do Cruzeiro com a administração do Mineirão não é das melhores. Tanto política, quanto financeira. E, infelizmente, as cordas costumam arrebentar para o lado celeste da força, como foi no recente caso da faixa. Parece até má vontade. Mas o fato é que o construir outro estádio seria um baque enorme no coração de cada cruzeirense. Talvez o investimento feito na busca de uma nova casa pudesse ser direcionado para um novo contrato de administração, melhor para o clube, que é quem realmente faz a engrenagem funcionar. Já pensaram naquele sonho do Cruzeiro administrando o Mineirão se realizando? Nos meus devaneios já enxergo as cadeiras azuis…, mas enfim, se houver (e com certeza haverá) cruzeirenses que discordem do meu ponto, tudo bem. Respeito e entendo. Mas para mim, o Mineirão é o coração do Cruzeiro Esporte Clube, e ninguém vive sem um coração!
Você, torcedor que se vangloria por seu estádio próprio e moderno e esquece suas raízes, boa sorte. Que seu novo “apartamento” seja tão frio quanto seu sentimento pela morada que abandonou. O Mineirão nasceu Cruzeiro em 1965, com os cinco anos de vitórias em todos os títulos disputados no estádio desde sua inauguração, e vai viver Cruzeiro até que ambos virem pó.
“Essa é minha alegria de coração
Ver o cruzeiro jogar no Mineirão
Tudo que eu fiz na vida foi te amar
Esse meu sentimento não vai parar,
E eu quero ver!”