Agora o Big Brother Brasil 2022 está com o seu elenco completo. Na tarde de quinta-feira, 20 de janeiro, Arthur Aguiar, Jade Picon e Linn da Quebrada entraram no jogo e fecharam o time dos “Camarotes”. Mas um detalhe chamou a atenção foi o look de um deles na entrada da casa mais vigiada no Brasil.
Cantora, atriz, ativista social e compositora brasileira, Linn da Quebrada entrou no BBB 22 usando uma camisa estampada por uma arte de uma mulher escravizada, que foi pintada pelo francês Jacques Etienne Arago, em 1817. “Anastácia Livre” é obra do carioca Yhuri Cruz.
Anastácia, mulher protagonista da obra, se tornou símbolo de resistência entre os povos africanos e foi canonizada em religiões afro-brasileiras.
“Anastácia Livre é uma viagem no tempo. É voltar ao passado e libertar essa mulher negra escravizada que veio do Congo no século XVIII e foi condenada à mordaça pelo resto da vida por lutar contra um homem branco que a violentou sexualmente. Se tornou a ‘escrava santa’ por sua firmeza, mas refém à uma iconografia colonial. Em Monumento à voz de Anastácia, trabalho que exponho hoje, ergo um monumento à voz dela. Uma voz negra, feminina, de luta pela existência”, conta Yhuri Cruz.
A obra também está na exposição de sucesso da Carolina Maria de Jesus, no Instituto Moreira Sales (IMS), em São Paulo. Lá são distribuídos santinhos de oração com a mesma imagem da camiseta exclusiva da sister.
De acordo com o Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CERRT), Anastácia teria nascido em Pompéu, no Centro-Oeste de Minas Gerais, em 1740. Ela é cultuada no Brasil como santa por fazer milagres e ser uma heroína, se tratando de uma das figuras femininas mais importantes da história negra.
“A vida da escrava é um misto de luta, bravura, resistência, doçura e fé. Nas versões orais ou escritas, os registros falam sobre uma bela mulher que não cedeu aos apelos sexuais de seu senhor e, por isso, foi estuprada e amordaçada. A luta de Anastácia transformou-se em exemplo e até hoje sua força inspira milhares de devotos”, diz o texto do site.
Segundo o CEERT, Anastácia era muito cobiçada por sua beleza e tinha, inclusive, olhos azuis, por ser filha de uma mulher negra com um senhor branco. Entretanto, ao mesmo tempo que era apreciada por sua beleza, seu comportamento desagradava seus senhores. Além disso, as mulheres dos homens brancos não se conformavam com a beleza da escravizada.
“Anastácia foi sentenciada a usar uma máscara de ferro por toda a vida, (imagem que se popularizou ao longo do tempo) que só era retirada na hora de se alimentar. Suportou por anos a violência dos espancamentos, que só terminariam em sua morte. Sua resistência diante da dor e dos maus tratos sofridos acabou por incentivar outros negros escravizados”, complementa o texto do site.
Na camisa de Linn da Quebrada, Anastácia está sem a máscara e escrito: “Anastácia Livre”.
Assim como o CEERT, várias fontes de informação mostram que Anastácia foi canonizada por conta de uma crença popular. Segundo seus devotos, ela fazia milagres, sendo capaz de tirar os males de um doente pelas mãos. De acotdo com o centro de estudos, por ironia do destino, o dom que possuía acabou levando Anastácia a salvar a vida do filho do fazendeiro que a violentou.
Às 22h25, a TV Globo mostra a entrada na casa e os primeiro momentos de Linn da Quebrada, Arthur Aguiar e Jade Picon no BBB22.