O rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, completa três meses nesta quinta-feira (25).
Até o momento, 233 corpos foram identificados pelo Instituto Médico Legal (IML) da Polícia Civil de Minas Gerais. O Corpo de Bombeiros do estado de Minas Gerais ainda realiza buscas, sem previsão de fim, para encontrar 37 desaparecidos.
Ao todo, 150 bombeiros e quatro cães farejadores participam das buscas. Cerca de 97 máquinas pesadas também estão sendo usadas pelos militares para auxiliar nos trabalhos.
Em 25 de janeiro, a barragem que continha os rejeitos de minério da Mina do Córrego do Feijão se rompeu inundando a região, destruindo, sobretudo, a área administrativa onde muitos funcionários da mineradora almoçavam no momento, e contaminando o Rio Paraopeba, um dos afluentes do Rio São Francisco.
Andamento das investigações
A cada novo passo das investigações, as comprovações de que o alto escalão da Vale sabia dos riscos de ruptura da estrutura tomam proporções são mais evidentes. Em um depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado, em Brasília, um dos integrantes do setor de gestão de Riscos Geotécnicos da Vale, o engenheiro Felipe Figueiredo Rocha, que responde pela área de Recursos Hídricos da mineradora, afirmou que os problemas da estrutura foram apresentados tanto à diretoria quanto à diretoria-executiva da mineradora.
Felipe Rocha está entre as 13 pessoas que foram detidas em duas ocasiões durante as investigações e liberadas por força de habeas corpus conseguido no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O engenheiro ainda destacou que os riscos da represa foram apresentados no Painel de Especialistas Internacionais em que se encontrava presente toda a área de geotecnia operacional, além de representantes e lideranças da geotecnia corporativa da empresa.
Apesar dos indícios de que a empresa tinha ciência do risco de rompimento da barragem, passados três meses do rompimento, ninguém permanece preso pelo crime.
Indenizações
A Vale se comprometeu a pagar integralmente indenizações às famílias das vítimas fatais. Para os parentes dos desaparecidos, foi prometida a quitação dos salários. Apesar disso, famílias dizem que a mineradora ainda não pagou todos os benefícios. Na última quarta-feira (24), uma audiência no Tribunal Regional do Trabalho foi realizada a fim de rediscutir o pagamento dos benefícios. A mineradora, por sua vez, afirmou que irá comprovar que os depósitos às famílias já foram realizados.