Iniciou-se no último dia 15/03, quarta feira, a greve da educação básica pública em todo nosso país. Tendo como pauta principal o combate à reforma da previdência proposta pelo governo Temer, os professores e professoras dos mais diversos estados, após várias negativas do governo em conversar com a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), optaram por paralisar suas atividades até a derrota na votação do primeiro turno da proposta na câmara federal.
Chamada por alguns de “reforma da morte”, a ideia do governo que não foi eleito é de colocar a idade mínima para aposentadoria em 65 anos e com no mínimo 49 anos de contribuição previdenciária, algo surreal. Esta proposta é tão absurda, que para se aposentar nesta idade contribuindo todo o tempo, seria preciso começar a trabalhar ininterruptamente aos 16 anos. É incrível a audácia do atual presidente em tentar destruir (ainda mais) os direitos trabalhistas!
Caso a pessoa opte por fazer uma graduação, por exemplo, uma licenciatura, ela começando a trabalhar com 25 anos só terá contribuído o tempo necessário para se aposentar aos 74 anos! Ou seja: à beira da morte caso não tenha vindo a falecer, pois temos regiões do país em que a média de idade é muito menor que 74 anos.
A região dos Inconfidentes, historicamente defensora da democracia e da participação política, não se furtou de mostrar sua insatisfação com esta absurda proposta. Liderados pelo Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação de Minas Gerais (Sindute) em conjunto com outros sindicatos e associações, Ouro Preto e Mariana foram palcos de enormes atos públicos que refletiam a insatisfação popular não só com a proposta de reformar a aposentadoria de todos e todas, mas também com os rumos que o país segue liderado pelo ex-vice-presidente. O que mais se ouviu foram os gritos de “Fora, Temer!”.
Como a luta pela derrota da proposta governista segue, a greve da educação cresce cada vez mais, sendo que o último informe dado pelo comando de greve apontava que cerca de 80% das escolas da região já estavam paradas e que este número estava crescendo cada vez mais, com a expectativa de se chegar a praticamente todas até o início da próxima semana.
O mais curioso do atual momento político do país tem sido o apoio popular à greve. Pais, alunos, comunidades, trabalhadores da iniciativa privada e até servidores públicos de outras categorias têm se mostrado solidários à paralisação por tempo indeterminado dos professores e professoras.
Quem ainda não teve a oportunidade de conhecer de perto como estão se dando as manifestações e debates, vale à pena entrar em contato com o comando de mobilização dos educadores. Muita animação e participação têm sido a tônica das atividades, tanto que já tem ato público marcado para a Câmara de Mariana na próxima segunda feira, às 16:00h, onde, assim como Ouro Preto, em que o vereador Geraldo Mendes (PC do B) apresentou requerimento para a Câmara Federal pedindo retirada de pauta da proposta de reforma da previdência (obtendo apoio de outros vereadores), a expectativa é a de que ocorra o mesmo na Primaz de Minas.
Existem dias que valem por anos, existem datas que ficam para sempre na memória e parece que a atual greve tende a entrar para a história sobre a maior lição que os professores e professoras já deram para a sociedade: quem não luta por seus direitos abaixa a cabeça para os seus deveres.
Até a próxima!