A verdade é uma ilusão que usam pra te vender algo

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Imagine que no lugar mais profundo de uma caverna há um grupo de pessoas sentadas de frente pra uma parede. Nas suas costas uma fogueira ilumina o ambiente. Tudo que essas pessoas podem ver são as sombras projetadas na parede, então elas supõem que aquelas sombras são a realidade, que nada existe além daquilo, porque aquilo é tudo que conhecem.

Agora imagine que uma dessas pessoas sai da caverna e vê o mundo como ele é, todas as cores, os sons, sente o vento, o sol, a chuva e tudo mais.

A verdade é uma ilusão que usam pra te vender algo
Imagem ilustrativa

Ela volta pra caverna e conta aos outros o que viu. Eles não acreditam nela, a hostilizam e a excluem. A verdade pra elas é aquilo que elas vivenciam, todo resto é uma mentira ou uma fantasia.

De forma extremamente resumida e muito menos inteligente, eu introduzi o Mito da caverna de Platão. Por que? Bom, além do fato óbvio que quero parecer inteligente, preciso apresentar o conceito que justifique o texto.

+ Melhor ser Sísifo do que Sósifu

Todos vivemos em cavernas, são nossos círculos sociais, culturais, nossa fé e por aí vai… Nos últimos anos colocamos tudo isso no nosso bolso e acessamos diversas vezes ao longo do dia. Damos like na nossa verdade, ignoramos a verdade alheia, às vezes bloqueamos aqueles que saíram da caverna ou que acham que saíram, mas só entraram em outra caverna…

Ficou mais difícil sair da caverna, porque o algoritmo das redes sociais vai te dar cada vez mais daquilo que você mais consome. Você já deve ter percebido que se pesquisar por um produto uma vez, só por curiosidade, inúmeros anúncios começam a aparecer pra você. Em outros casos, grupos do facebook são sugeridos pra você participar e as publicações que mais aparecem na sua linha do tempo são das pessoas que você mais interage.

Há dois efeitos nisso, um é a ideia de que pertencemos a algo, que fazemos parte de uma coisa maior, que somos acolhidos por iguais e que agora pertencemos a uma tribo. O que nos dá segurança, afinal, aquele que não faz parte de uma tribo está sujeito aos perigos do mundo sozinho. Acredite, seu cérebro ainda guarda caminhos neurais de tempos antigos e não quer ficar sem uma tribo pra chamar de sua e lhe acolher nos momentos de dor e perigo.

O outro efeito é acreditar que nós estamos certos, porque temos tanta gente corroborando nossas ideias, há tantas vozes ecoando a mesma ideia que não pensamos mais em confrontar aquilo. É confortável estar certo, é confortável estar entre os que estão certos.

O problema é que não necessariamente você está certo só porque tem milhões de pessoas que pensam igual a você. Também não está errado porque milhões pensam diferente.

As sombras projetadas na caverna são diferentes, só isso.

Quando você sai de uma caverna, cai em outra, as vezes gosta de ficar ali, as vezes quer voltar pra anterior, as vezes quer uma terceira caverna. Há os que ficam em silencio na caverna, aproveitam as sombras e tá de boa.

Existem os que buscam outras cavernas pra iniciar uma briga de qual tem o mundo imaginário mais legal.

E existem os que sabem que estão na caverna, foram lá fora, não apenas viram o mundo, mas aprenderam a manipular os que estão dentro da caverna.

As pessoas que estão pregando verdades universais, que estão proferindo absolutismos e estão ganhando pra isso não são enganadas pelas sombras, são elas que estão projetando as sombras e usando isso pra grandes ganhos particulares.

Políticos, artistas, empresas, atletas e tantos outros estão apontando pra uma parede esperando que você fique hipnotizado pelo que é projetado lá. Essas pessoas nem precisam gastar muito tempo e esforço, como eu disse antes, o algoritmo te dá mais daquilo que você consome.

Essas entidades só precisam escolher o que querem projetar e você será atraído pro ponto especifico da caverna que eles querem que você vá. Como se fossem aranhas armando teias e esperando que a mosca se prenda sozinha.

Tudo isso está ligado a algo que falei na primeira coluna que publiquei, neuroplasticidade. Seus circuitos neurais se fortalecem à medida que reforçam o caminho percorrido.

Talvez você pense que conhecer a verdade o libertará, mas você já foi condicionado a consumir uma verdade e agora é muito difícil ver outro caminho, não impossível, mas difícil. É como controlar um sonho, você percebe que está sonhando, pensa em voar e dai está só seguindo o sonho de novo sem saber que está em um sonho.

A matrix é real, mas ela é feita de crenças, medos, planos e tantas outras coisas que você foi ensinado a gostar e a gastar dinheiro.

Existe um caminho pra fora das cavernas? Talvez. Eu acredito que duvidar de tudo que é tido como 100% é uma forma, mas pode ser só meu condicionamento falando.

O ideal, penso eu, é que devemos nos perguntar quando foi a última vez que questionamos aquilo que temos tido como garantido. Quando foi a última vez que de fato consideramos que o outro ao qual discordamos pode estar certo e nós não?

Quando foi que paramos de enxergar pessoas e começamos a enxergar ideologias? Quando foi que paramos pra pensar se magoamos alguém que pensa diferente apenas porque achamos que o que ela pensa é errado e o que pensamos é certo?

Sendo sincero? Exclui dezenas de pessoas do meu coraçãozinho nos últimos anos porque defendiam mais um político que não conhecem e me ridicularizaram por pensar diferente, mesmo tendo eu estado ao lado delas em momentos muito difíceis. E isso não foi lado A ou B, mas ambos.

Eu sou assim, não quero que acredite nas minhas ilusões, só acredite em mim, mesmo que não concorde, se não é capaz de ver além disso, não faço questão de você.

É o certo? Pra você, talvez não, pra mim é o caminho que escolhi quando questionei se valia a pena ser amado só quando conveniente ou valia mais seguir outra estrada.

Questionar é a questão nesse caso, não estou dizendo que as coisas que eu escrevi aqui são verdade, afinal, a verdade é uma ilusão que usam pra te vender algo e hoje, particularmente, não estou querendo te vender nada.

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