Um é argentino, experiente, com passagem por grandes clubes e que atualmente vem sendo o escolhido para iniciar as partidas mais importantes da equipe. Já o outro é um jovem, que vem tendo seu segundo ano de oportunidades no Cruzeiro e é um dos xodós da torcida, além de fazer ótima temporada, na maioria das vezes saindo do banco de reservas para por fogo na partida. Os atacantes Hernán Barcos e Raniel disputam vaga no ataque celeste para a partida de quarta-feira contra o Flamengo, pelo jogo de volta das oitavas de final da Copa Libertadores da América, no Mineirão. Na partida de ida, vitória da equipe celeste por 2 a 0 com gols de Arrascaeta e Thiago Neves.
Os dois postulantes a vaga no ataque celeste vivem momentos distintos na temporada.
Barcos
“Él Pirata” chegou no meio da temporada para dar mais opções à um ataque que vinha sofrendo com lesões. O argentino teve um bom início com a camisa do time, marcando seu primeiro gol já no segundo jogo com a camisa estrelada, mas foi só. Apesar de contribuir muito com a marcação e com a construção de jogadas, Barcos vem sendo muito criticado pela falta de bolas na rede. Em dez jogos com a camisa do Cruzeiro, o centroavante tem apenas um gol marcado, na vitória sobre o Atlético Paranaense, no dia 22 de julho, pela 14ª rodada da Série A.
Raniel
Já Raniel vive um ótimo momento na temporada. Apesar de frequentemente começar no banco de reservas, o atacante, de apenas 22 anos, vem sendo uma das grandes armas celestes na temporada. Veloz e incansável, o jogador costuma incomodar muito as defesas adversárias quando entra nos jogos. O camisa 17 soma 33 jogos e 8 gols, alguns importantíssimos, na temporada.
Quem deve jogar contra o Flamengo?
Na opinião deste que vos escreve, quem deveria começar a partida de quarta como titular é o argentino Barcos. Apesar de Raniel viver uma fase muito melhor e mais artilheira que o argentino, a circunstância do jogo (vantagem de dois gols de diferença) não exige especificamente alguém para colocar a bola nas redes. Mas como assim? Futebol é marcar mais gols que o adversário. Bom, posso explicar.
O Flamengo vem para o Mineirão com uma grande desvantagem no placar e, para se classificar diretamente, sem disputa de pênaltis, tem que fazer no mínimo três gols no Cruzeiro. Por isso espera-se que os rubro-negros venham para o “tudo ou nada”, principalmente nos minutos iniciais.
Apesar da pouca efetividade goleadora, Barcos tem mostrado outras qualidades que podem ser primordiais nessa partida. Primeiramente a dedicação defensiva. O camisa 28 é visto muitas vezes marcando da intermediária celeste para trás. Com o Flamengo se atirando ao ataque nos primeiros instantes, um homem de mais força e combatividade pode ajudar a destruir as jogadas flamenguistas.
Outro ponto forte do argentino é o baixo índice de bolas perdidas pelo atleta, que consegue dominar e distribuir jogadas vindas da defesa e do meio-campo com grande índice de acerto. Bom tecnicamente, Barcos tem facilidade de consertar passes “quadrados” ou rebatidas da defesa. Num momento inicial da partida, com nossos meias mais descansados e conseguindo se aproximar com mais frequência e intensidade, essa capacidade de distribuição e facilidade de fazer o pivô, podem ajudar a equipe celeste à a manter a posse de bola e criar chances para os jogadores vindos de trás finalizarem.
Já Raniel, apesar de também ser um jogador que ajuda na recomposição e faz bem o pivô, tem na sua velocidade e explosão um trunfo que pode ser bem melhor utilizado na segunda etapa. Eu, carinhosamente, chamo o nosso jovem atacante de “o jogador mais chato do mundo”, pois o tanto que esse cara incomoda as defesas adversárias não é brincadeira. Dá carrinho, corre, puxa, escora, marca, pressiona. Não tem bola perdida para nosso camisa 17. Pensando assim, acredito que essas características teoricamente seriam mais efetivas numa segunda etapa, com o Flamengo ainda precisando buscar o resultado.
A defesa do Flamengo já não é das mais rápidas e as laterais do time rubro-negro costumam ter muitos espaços pela vocação ofensiva de seus jogadores. Num segundo tempo, com a zaga cansada e os alas avançados, a presença de Raniel pode ser mortal em jogadas de contra-ataque. Inclusive em eventuais rebatidas da defesa, Raniel daria muito mais trabalho para os zagueiros adversários na disputa pela bola que Barcos. Esse que, na melhor das hipóteses, poderia segurar os defensores adversários com um pivô, mas com poucas chances de uma aproximação rápida o suficiente para que distribua o passe. Do mesmo jeito que a bola bateria, ela voltaria. O camisa 17 tem muito o que dar fisicamente para ficar um tempo brigando com a última linha rival ainda descansada. Seria um desgaste desnecessário antes do momento em que o jogo ficaria mais aberto e propenso aos contragolpes.
Claro que, dependendo da circunstância da partida, esses fatores podem se alterar. Mas eu iniciaria com Barcos na frente e a escalação provavelmente não deve fugir disso. No mais é confiança no time e a esperança de ir dormir com mais uma classificação na temporada. Libertadores é raça e nós queremos a taça!