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Setembro amarelo: o que você de fato pode fazer para ajudar alguém que está pensando em cometer suicídio?

21/09/2020 às 18:08
Tempo de leitura
6 min

Olá pessoal, bom dia!

Ando meio sumida aqui da coluna, é verdade. Os últimos meses tem sido de muito trabalho, mudança e aprendizados, mas prometo regularizar minha presença por aqui o quanto antes. Gosto muito de compartilhar aqui parte do que sei e eu realmente acredito muito numa Psicologia que vá para além dos consultórios, que possa te ajudar aí, onde quer que você esteja, estando ou não, em terapia.

Venho hoje falar de um assunto muito importante. Estamos em meio ao Setembro Amarelo, época do ano em que que há maior discussão e visibilidade nos meios de comunicação e redes sociais acerca da prevenção ao suicídio. A iniciativa é do Centro de Valorização da Vida (CVV), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). O mês de setembro foi escolhido porque, desde 2003, o dia 10 de setembro passou a ser considerado o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. O objetivo é promover eventos que tenham espaço para debates sobre suicídio e divulgar o tema alertando a população sobre a importância de sua discussão.

As estatísticas mostram que a cada 40 segundos, uma pessoa se suicida no mundo. São 800 mil casos anualmente, como  aponta a Organização Mundial da Saúde. Estamos falando de uma questão que atinge níveis alarmantes em escala global e pode também afetar alguém muito próximo de nós, a qualquer momento.

Em anos anteriores um movimento muito empático acompanhou a causa do Setembro Amarelo. Muitos disponibilizaram seus directs de Instagram, Facebook, Emails e até mesmo Whatsapp em redes sociais de forma pública, colocando-se de um modo generoso, como possíveis ouvintes para aqueles que estivessem em sofrimento e pensando em cometer suicídio.

A iniciativa, sem dúvida, foi muito bonita. Colocar-se disponível a acolher e escutar alguém que você nunca viu e não conhece é sim, uma atitude muito nobre e que merece ser valorizada. Contudo este gesto tem também um risco: será quem quem oferece sua escuta tem condições técnicas de lidar com o que virá?

Não estamos aqui meramente dizendo de alguém que precisa desabafar ou de um ombro amigo. Muitas vezes, estaremos também diante de pessoas com transtornos mentais mais graves e em risco real e iminente de atentar contra a própria vida. Ou até mesmo diante de pessoas que não tem transtorno algum, mas estão num momento de desespero tão intenso que temporariamente podem perder a capacidade de enxergar a realidade tal como ela é, com os problemas mas também com possíveis soluções. Fato é que uma intervenção inadequada, ainda que com a melhor das intenções, pode ser desastrosa e surtir o efeito contrário, empurrando ainda mais quem pede ajuda para uma direção confusa e obscura.

Neste ano de 2020, creio que muito puxado também pelos estudos e reflexões que os profissionais de Saúde Mental têm levantado no contexto da pandemia, notei uma movimentação maior dos profissionais no sentido de pedir à população que ajude e ampare quem sofre no sentido de direcioná-lo à ajuda qualificada, não apenas mantendo-se como ouvinte ou como quem poderá de fato ajudar.

Eu considero esta uma orientação muito importante e achei que deveria vir aqui, na coluna, dividi-la com vocês. Se você tem um amigo ou familiar que precisa de ajuda, seja empático, esteja do lado, mas não assuma o lugar de quem vai conseguir tratar – acredite, até mesmo para nós que estudamos o tema e temos mais experiência é bem difícil.

O melhor que podemos fazer por alguém que sofre e está com pensamentos suicidas é  acolher sem julgar, colocar-se como alguém que se importa e que está disposto a ajudar na busca por ajuda profissional. No meio de tanto sofrimento é possível que quem pede ajuda nem consiga fazer isto por si só, mas se uma demanda desta chega até você, acredite, fazer esta ponte já é muito e e pode salvar a vida de alguém!

Destaco também algumas orientações importantes do Ministério da Saúde, caso você identifique alguém com pensamentos suicidas:

Encontre um momento apropriado e um lugar calmo para falar sobre suicídio com essa pessoa. Deixe-a saber que você está lá para ouvir, ouça-a com a mente aberta e ofereça seu apoio.

Incentive a pessoa a procurar ajuda de profissionais de serviços de saúde, de saúde mental, de emergência ou apoio em algum serviço público. Ofereça-se para acompanhá-la a um atendimento.

Se você acha que essa pessoa está em perigo imediato, não a deixe sozinha. Procure ajuda de profissionais de serviços de saúde, de emergência e entre em contato com alguém de confiança, indicado pela própria pessoa

Se a pessoa com quem você está preocupado(a) vive com você, assegure-se de que ele(a) não tenha acesso a meios para provocar a própria morte (por exemplo, pesticidas, armas de fogo ou medicamentos) em casa.

Fique em contato para acompanhar como a pessoa está passando e o que está fazendo.

Se você precisa de ajuda ou conhece alguém que precise, entre em contato com os  Serviços de saúde – CAPS e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da família, Postos e Centros de Saúde).

No Brasil temos também o  Centro de Valorização da Vida – CVV

Ligue: 188 ou acesse o chat online: www.cvv.org.br

O Ministério da Saúde e o CVV têm cartilhas e sugestões de como abordar o assunto com pessoas que possam estar cogitando tirar a própria vida e como reagir em casos de urgência. Não julgar os sentimentos comunicados, por exemplo, é essencial para a prevenção.

Conte também com a ajuda dos Serviços de Emergência

SAMU: 192, UPA 24H, Pronto Socorro; Hospitais.

Toda vida importa. Cuide-se, cuide-se dos seus amados.

Cuidemos uns dos outros.

Até a próxima!

Fontes consultadas: https://cebds.org/setembro-amarelo-prevencao-ao-suicidio/https://news.un.org/en/story/2018/09/1018761

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