Mais um boletim com informações sobre a Covid-19 em Itabirito foi publicado pela Prefeitura nesta terça-feira, 23 de junho. Nos dados é apresentado um total de 351 contaminações do novo coronavírus, sendo que 311 já se recuperaram, 38 encontram-se sob monitoramento e dois casos evoluíram para óbito. O município ainda aguarda o teste de 16 casos suspeitos.
A Prefeitura de Itabirito já descartou 895 notificações, já que, segundo os dados da Vigilância Epidemiológica, 817 testaram negativo por meio de exame PCR e 78 por teste rápido.
No mês de junho, a partir do dia 1º, observa-se um aumento repentino nos números de casos confirmados de contaminação pelo novo coronavírus em Itabirito. Um dos fatores foi a testagem em massa realizada nos colabores da Vale, empresa de mineração que opera no município. Para se ter uma ideia, só entre os dias 2 e 7 de junho, o número de casos saltou de 60 para 174.
Apesar da comprovação das contaminações nos campos de trabalho na mineradora, o município não se pronunciou nas redes sociais a respeito. As ações divulgadas pelo Município de enfrentamento da Covid-19 quase sempre foram focadas contra os setores de comércio e serviço. Contudo, os boletins epidemiológicos de Itabirito, antes das testagens na Vale, apresentaram poucos casos. Inclusive, é comum acompanhar publicações da Assessoria de Comunicação com falas do prefeito de Itabirito, Orlando Caldeira, em favor da empresa, mostrando que o Executivo tem uma relação muito próxima com a mineradora, inclusive com o prefeito agradecendo por seus pedidos serem atendidos por ela. A mais recente publicação do prefeito falando sobre o a mineradora foi publicada na última sexta-feira (19), com a comemoração do prefeito em reação a algumas reformas de prédios públicos por iniciativa da Vale.
Na última quarta-feira (17/6), o Governo de Minas determinou que Itabirito e outros municípios da macrorregião Centro do estado retornassem a uma fase anterior de liberação de certos setores das atividades econômicas por causa do aumento de casos que o estado vem sofrendo como um todo. Minas, que antes era referência no enfrentamento do novo coronavírus, hoje já teme a falta de leitos de UTI. Antes, no dia 12 de junho, a cidade já havia sofrido uma regressão na abertura gradual do comércio e serviços após a alta taxa de ocupação da rede hospitalar da região. Como Itabirito aderiu ao Minas Consciente, programa do governo estadual para retomada gradual do comércio, serviços e outros setores, a cidade é monitorada de perto por um comitê que acompanha a evolução dos quadros de contaminação na cidade.
Itabirito, assim como Mariana, depende da estrutura hospitalar disponível em Ouro Preto, já que, mesmo ela sendo considerada de médio porte, com 50 a 60 mil habitantes, a cidade não possui leito de UTI, estando vinculada à microrregião de Ouro Preto, que ampliou recentemente o número total de leitos de UTI para 20. O número de UTI’s em Ouro Preto, teoricamente, deveria ser para atender apenas a cidade histórica.
Uma das principais ações divulgada pela Prefeitura como método para enfrentamento do novo coronavírus na cidade foi o de limpeza das ruas com água e cloro, em parceria com a Vale. Essa prática tem sido apontada por vários especialistas como populista, já que passa a falsa impressão para a população que o município está combatendo a doença. A desinfecção externa não é uma prática recomendada oficialmente pelos organismos de saúde internacionais.
Mesmo com a não recomendação, a Anvisa e o Ibama disponibilizaram, em 9 de abril, uma lista de produtos regularizados que devem ser utilizados para os gestores que insistirem na prática. Além do álcool 70%, outros produtos recomendados especificamente para desinfecção de ambientes externos são:
- Hipoclorito de sódio ou cálcio, na concentração de 0.5%11
- Alvejantes contendo hipoclorito (de sódio, de cálcio) 11
- Peróxido de hidrogênio 0.5% 4
- Ácido peracéco 0,5%4
- Quaternários de amônio, por exemplo, o Cloreto de Benzalcônio 0.05%4
- Desinfetantes com ação virucida.
Em Itabirito, segundo publicação da assessoria de comunicação nas redes sociais, os produtos utilizados foram água e cloro. Segundo a Anvisa, na aplicação de produtos químicos pelas ruas, é necessário que os trabalhadores envolvidos nos procedimentos sejam protegidos, bem como à população em geral, com a emissão de alertas de como devem se proteger durante os procedimentos de desinfecção externa, e os afastando do local enquanto durar o procedimento, que pode causar lesões severas na pele e nos olhos.
A Anvisa também ressalta que as ações devem ser feitas somente em pontos de maior circulação de pessoas, e não de forma indiscriminada por a cidade, já que o uso demasiado dos produtos para desinfecção pode elevar o risco de resistência dos microrganismos aos produtos utilizados.