Segunda-feira pós-clássico e pré-quartas de final de Libertadores. Muito futebol a ser discutido nos programas esportivos e redes sociais, certo? Errado! O assunto mais comentado neste início de semana foram as manifestações homofóbicas da torcida do Atlético-MG durante o empate com o Cruzeiro no Mineirão.
Os cânticos diziam: “Ô Cruzeirense, toma cuidado, o Bolsonaro vai matar viado”, se referindo ao candidato à presidência Jair Bolsonaro, que já se envolveu em polêmicas envolvendo a causa LGBT, revoltaram não só os torcedores atacados como fãs de todas as equipes do Brasil, incluindo grande parte dos atleticanos.
Só que, diferentemente do que vem sendo dito por algumas partes em redes sociais, aquele ato não reflete uma minoria preconceituosa. E não digo da torcida do Atlético-MG e sim de todo o ultra preconceituoso universo do futebol, recheado de homofobia, machismo, racismo, xenofobia e inúmeras outras formas de discriminação.
Esse não é um problema de alguns e muito menos apenas da torcida atleticana. Essas atitudes nojentas vêm desde os gritos de “Bicha!” nos tiros de meta adversários, passando pelos apelidos ofensivos (Bambis, Marias, Frangas), até chegarem em manifestações de discursos de ódio como os ouvidos nas cadeiras do Mineirão. Gritos que troçavam e ameaçavam os rivais, citando o assassinato de homossexuais, um problema gravíssimo e recorrente na sociedade brasileira, onde pessoas são mortas apenas por terem orientação sexual diferente.
A FIFA (Federação Internacional de Futebol), a CBF (Confederação Brasileira de Futebol), os clubes, as próprias torcidas, todos têm que tomar providências urgentes para erradicarem essas práticas dos campos de futebol. Um espaço sempre tão plural, de união de classes, cores, propagação de ideologias, mas que, como toda paixão popular, traz consigo ideais que nem sempre são corretas e aceitáveis. É absurdo, em pleno século XXI, tantas notícias de racismo envolvendo futebol em todo o mundo, apelidos que diminuem mulheres, cânticos que incitam o ódio e atacam orientações sexuais distintas. Mas é mais cômodo para os líderes da bola, tão ou mais preconceituosos e antiquados quanto as torcidas, ignorar e fingir que isso é algo normal. Não é e nunca será!
O Atlético-MG tem que ser severamente punido, como foi o Grêmio em 2014 pelas injúrias raciais da sua torcida destinadas ao goleiro Aranha, na época, atleta do Santos. Os noticiários têm que ser recheados de comentários sobre futebol, não de situações como as vistas ontem nas arquibancadas do Mineirão. E a forma de limpar as manchetes esportivas desses tipos de manifestação não é ignorá-las e sim erradicá-las!!!
Que medidas sejam tomadas e que a sociedade evolua. O que tem que ser morto é o preconceito.
*Um abraço ao meu grande amigo VH Gonzaga, que acompanhou a produção deste texto. A luta é contínua e conjunta.
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