Depois de uma tarde com o rosto molhado de um bom e belo choro: tomar o vinho mais seco mais a amiga historiadora que se negava filósofa. Ao retornar desse bar mata a fome e lava as xícaras do café da tarde, café orgânico, café sincero. Nessa boca de madrugada há um gran grilo, bem grande, semelhante ao som de um… carro (esta associação que surge espontaneamente com aquilo que há). Alegra-se ao saber que na manhã vindoura tomará este café: o café do saco dourado importado de Espera Feliz. “Perdoa, perdão!” pediu de joelhos aos radicais revolucionários que dão socos no estômago com sete pedras em mão naquele que tente filosofar no meio político (este que já caduco de tanta soberania trajada de valentia). Há revolucionários (como loucos arlequins perturbam com risadas altas, sobretudo, banhadas num poço de irônicas provocações que ao fim de tudo são apenas ironias) para que haja contrarrevolucionários. O sonho das velhinhas, em sua maioria sofistas, é ter um neto bem criança para cuidar e assim viverem na paradoxal relatividade temporal, assim também são os revolucionários radicais. Ao ver o neném, nostálgica fala do seu tempo de filha nos remotos, além de abusarem do foguete que é a saudade.
Entram as personagens protagonistas:
Rês fuja, não queria ser mais que uma, apesar de ter apenas um corpo seu pensamento era múltiplo. Andarilha e adoecida de saudade estrada afora. Já “sabia que coisa era o tempo. A involuntária aventura” (ROSA, G.).

Nessa manhã de louco ela, ou ele, essa rês fujã, pensa em Marciana e tem sede de seus olhos molhados de tanto sonho, cantando afinada em Jards Macalé, se torna a mais bela dos astros. Só morto! Marciana o emociona, tanto o comove e estão a bordo em viagem numa nave batida. Ela problematizou o mel das abelhas, ele a ofereceu o mel das flores. Já resoluto esse problema ela lê pra ele um conto de suas metafísicas experiências no mundo da linguagem. Num conto que, no entanto, é tão pessoal (o fato de ser marciana não altera a ordem do significado de artista lá e aqui), sua nave amorosa no mundo grosso acabava por se tornar uma vez ou outra exposição exótica. Este “quadro em chamas apunhalado”, esta “flor apunhalada”. Loucos pintores são eles dois, superou-se nesse movimento o próprio renascimento na equação da forma. Desculpe caro leitor, se estes três sujeitos se fazem confundir, o motivo é que pela falta de letreiro (porque isso é apenas literatura e não cinema) não pôde aparecer este:
CONFLUÍAM DENTRO DE MIM.
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César Henrique Lemos Santos, nascido no ano de 1995, filho da transição de um milênio para outro, necessariamente um sujeito moderno, sobretudo, admirador da tradição e da velha sabedoria dos antigos. Desde a tenra infância até a juventude decorreu na pequena cidadela interiorana mineira, Acaiaca. Felicito-me pelas oportunidades a uma educação de qualidade que a mim foram concedidas por cursar História no instituto de ciências humanas e sociais da Universidade Federal de Ouro Preto, o que é experiência vasta e profunda no que tange a boa orientação, tanto pelo saber quanto pela prática do mesmo. Leitor e pesquisador assíduo, constante admirador da natureza e daquilo que dela apreendem os artistas. Atento ao tempo, este que é quem abarca todas as coisas, gestos e palavras. Preocupado com os atos e as respectivas consequências, com a vida e suas expectativas. Esperançoso pelo bem-viver do ser humano. Enfim, anseio pelo desenvolvimento pleno e o mais completo possível do nosso Ser que também é o Mundo, afinal é nele que nos estendemos.