Filmes infantis que abordam autoritarismo são tendências

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Desde 1945, quando o britânico George Orwell lançou “A Revolução dos Bichos”, usar a linguagem infantil, explorando principalmente os animais através do lúdico, virou uma maneira constante dos autores se comunicarem com seu público, sobretudo para abordar autoritarismo e igualdade social. 

No reino animal podem ser encontrados exemplos que facilitam para que as crianças compreendam a mensagem ou moral da história que se deseja transmitir no desenrolar de um livro.

Conde Drácula e Jonathan. Foto: Hotel Transilvânia

Para as produções cinematográficas direcionadas ao público infantil não tem sido diferente. Uma gama de filmes carregados de ideais igualitários vem sendo produzidos. É importante destacar que nem todos os longas-metragens são baseados em livros. O clássico “Fuga das Galinhas”, por exemplo, lançado em 2000, foi elaborado partir do roteiro de Karey Kirkpatrick. 

A indústria cinematográfica que atua no segmento infantil vinha de uma pausa para este tipo de produção. O crescimento do autoritarismo em diversos países e a invasão de Capitólio, ocorrido em 6 de janeiro de 2021, podem ter sido um dos fatores predominantes na escolha de novas exibições que trouxessem reflexões sobre a democracia. 

Filmes infantis que ajudam na conscientização política 

A Era Do Gelo: As aventuras de Buck Wild

Lançado no final de janeiro deste ano (2022), o novo longa animado “A Era do Gelo: As Aventuras de Buck Wild” traz uma forte mensagem em seu roteiro. 

Dirigido por Chris Wedge , o longa conta a história de dois gambás Eddie e Crash, eles são irmãos e desejam conhecer mais o mundo, distantes de sua família formada por dois mamutes,Manny e Ellie, o tigre Diego e Sid, um bicho preguiça.   

Quando resolvem mesmo ir embora, Eddie e Crash encontram a doninha Buck Wild, um animal selvagem que vive no Mundo Perdido. rapidamente os três embarcam em uma aventura, contra Orson,um dinossauro que por causa da sua cabeça grande possui muita inteligência, o que o deixou soberbo a ponto de destruir a harmonia entre animais e dinossauros que existia no Mundo Perdido. 

Orson agora retorna ao espaço para liderar e destruir os animais. Porém é impedido pelo trio que se une para não permitir que o Mundo Perdido fique totalmente perdido (risos). 

Hotel Transilvânia Transformonstrão 

Com a direção de Jennifer Kluska e Derek Drymon, o filme Hotel Transilvânia Transformonstrão, ou simplesmente Hotel Transilvânia 4, não traz uma história de um líder ditador de forma explícita, porém, faz refletir sobre. 

Van Helsing, avô da menina Mavis, cria um dispositivo que transforma humanos em monstros e monstros em humanos. Acontece que ele transforma o marido desastrado da menina, Jonathan em monstro e por um descuido o pai dela, Conde Drácula, que é muito controlador, é transformado em humano. 

Para reverter as transformações os dois embarcam em uma jornada rumo ao Brasil, pois segundo o velho alquimista, somente nas profundezas da amazônia é possível encontrar uma nova pedra poderosa que desfaz os efeitos. 

Antes disso tudo Drácula se recusa a passar a gestão do Hotel para a filha e o genro, justamente por Jonathan ser bastante atrapalhado. Para conseguir a aprovação do sogro,Jonathan pede para ser transformado em monstro. Acontece que ao chegar na floresta todos esses sentimentos se associam com a transformação gradual do monstro, que no final fica incontrolável, fazendo com que o jovem perca os sentidos e fique apavorante. 

É importante abrir um parêntese para o fato de Jonathan estar vestido com uma camisa muito semelhante a da seleção brasileira. Quando ele se transforma em um monstro maligno, as câmeras fazem questão de evidenciar a camisa, podendo sinalizar alguma coisa relacionada ao bolsonarismo, ou não. 

A revolta do humano é por não ser aceito do jeito que é, sendo diversas vezes hostilizado por Drácula. 

A moral da história é basicamente o Drácula aprendendo que não pode controlar tudo o tempo todo e nem interferir para que tudo saia como ele quer. 

Vale lembrar que a justiça social começa dentro de casa.  

Encanto 

A aposta da Disney na história de uma família colombiana é surpreendente. O Filme “Encanto” tem um roteiro profundo, capaz de arrancar lágrimas dos mais sensíveis. 

A família Madrigal parece ser bem disfuncional, com uma matriarca autoritária, Abuela Alma, todos os seus membros nascem com um tipo de poder mágico, exceto Mirabel, que se torna um desgosto para a sua avó tóxica. 

Assim como os membros da família,a casa também é mágica. À medida que a história vai acontecendo é possível perceber que algo precisa ser destruído para que o novo possa emergir, com mais liberdade e menos cobranças desnecessárias. 

O auge do filme ocorre quando a casa dos Madrigal começa a trincar e todos perdem o dom mágico. Neste momento a velha Abuela começa a culpar Mirabel, que ao final acaba sendo a principal protetora da magia da família.  

Mais uma vez temos um exemplo de autoritarismo dentro da família que se associa com saúde mental,auto aceitação. É um filme muito emocionante.

Outros filmes 

Além destes recém-lançamentos, outros filmes trazem muito aprendizado por meio de suas histórias. Conheça alguns.

  • O Rei Leão: autoritarismo, golpe político 
  • Star Wars: abuso de poder
  • Crônicas  de Nárnia: disputa territorial e poder religioso
  • O Menino e o Mundo: trabalho infantil e ditadura
  • Frozen: auto-aceitação
  • Hair Love: racismo 
  • Zootopia – Essa Cidade é o Bicho: abuso de poder, machismo e racismo
  • Pocahontas: colonialismo
  • Wall-E: obesidade
  • Bee Movie – A História de uma Abelha: luta de classes  

Consciência política é importante para crianças 

Ser informado sobre as questões sociais é positivo para qualquer faixa etária, desde que a linguagem utilizada não ultrapasse os limites do aceitável. Pais ou responsáveis devem se conscientizar de que uma criança um dia será um adulto que fará parte de uma sociedade. 

Por esta razão é importante que desde cedo, se aprenda sobre as diferenças, respeito ao próximo e consigo mesmo. Isso ajuda a criança a desenvolver o senso crítico, sobretudo para aprender e se defender quando encontrar ditadores ao longo da vida. Ou cuidar para não se tornar um.

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