O clássico também foi marcado com o lançamento de uma bela e importantíssima campanha, a NÃO SE CALE, que foi amplamente divulgada pelo Galo no estádio Independência. A iniciativa tem o intuito de combater a violência contra a mulher.
A partida entre Atlético e Cruzeiro aconteceu no último domingo (4), data que também da início a semana do Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março. E em campo, o Galo lançou a campanha NÃO SE CALE, em apoio a mulher e contra toda e qualquer violência que seja destina à ela.
Símbolo de luta e resistência, Maria da Penha, que serviu de inspiração para a criação da Lei Maria da Penha, foi homenageada e entrou em campo junto com os jogadores e diversas outras mulheres, simbolizando a luta contra violência às mulheres.
A campanha também esteve presente durante a partida, estampado as camisas de todos os jogadores.
Já a camisa do zagueiro Leonardo Silva teve um toque especial, estampando, além do slogan, também o número 180, em referência ao telefone utilizado para denúncias de violência contra a mulher.
A campanha também teve apoio das torcedoras nas arquibancadas.
Lei Maria da Penha
Maria da Penha Maia Fernandes é uma farmacêutica brasileira que, no ano de 1983, sofreu severas agressões de seu próprio marido, o professor universitário colombiano Marco Antonio Heredia Viveros. Em duas ocasiões, Heredia tentou matar Maria. Na primeira, com um tiro de espingarda, deixou-a paraplégica. Depois de passar quatro meses no hospital e realizar inúmeras cirurgias, Maria voltou para casa, ocasião em Heredia tentou eletrocutá-la durante seu banho.
Maria pôde sair de casa graças a uma ordem judicial e iniciou uma árdua batalha para que seu agressor fosse condenado. Isso só aconteceria em 1991, mas a defesa alegou irregularidades no procedimento do júri. O caso foi julgado novamente em 1996, com nova condenação. Mais uma vez, a defesa fez alegações de irregularidades e o processo continuou em aberto por mais alguns anos. Enquanto isso, Heredia continuou em liberdade.
Nesse tempo, Maria da Penha lançou um livro, no ano de 1994, em que relata as agressões que ela e suas filhas sofreram do marido. Alguns anos depois, conseguiu contato com duas organizações – Centro pela Justiça e o Direito Internacional (CEJIL) e Comitê Latino Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM) – que a ajudaram a levar seu caso para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), em 1998.
No ano de 2001, o Estado brasileiro foi condenado pela Comissão por negligência, omissão e tolerância em relação à violência doméstica contra as mulheres. Foi recomendada a finalização do processo penal do agressor de Maria da Penha (que ocorreria finalmente no ano de 2002); a realização de investigações sobre as irregularidades e atrasos no processo; reparação simbólica e material à vitima pela falha do Estado em oferecer um recurso adequado para a vítima; e a adoção de políticas públicas voltadas à prevenção, punição e erradicação da violência contra a mulher.
Foi assim que o governo brasileiro se viu obrigado a criar um novo dispositivo legal que trouxesse maior eficácia na prevenção e punição da violência doméstica no Brasil. Em 2006, o Congresso aprovou por unanimidade a Lei Maria da Penha, que já foi considerada pela ONU como a terceira melhor lei contra violência doméstica do mundo. E hoje Maria da Penha também é fundadora do Instituto Maria da Penha (IMP), uma ONG sem fins lucrativos de combate à violência doméstica e à violência contra a mulher.
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