Após receber críticas, a plataforma de vendas Amazon retirou da sua lista de produtos as bonecas sexuais, com rosto e corpo de criança, que estavam sendo comercializadas em seu site, na França. Através das fotos, pode-se perceber o quão urgente é debater políticas de proteção para as crianças em relação à pedofilia.
Aos que desconhecem, esse tipo de produto, bonecas sexuais, geralmente possuem órgãos genitais. Elas são adquiridas em sua grande parte por homens para a realização de relações sexuais. A maioria dessas bonecas se assemelham bastante da realidade do corpo de uma mulher para que sirvam como inspiração aos desejos sexuais masculinos.
No caso da Amazon Fance, site usado para compras na França, o produto com características infantis, incluindo roupas, só foi retirado do ar por pressão de associações de defesa do direito das crianças.
A associação Internacional de Vítimas de Incestos definiu as bonecas como “pedófilas”, e alertou através do Twitter que o produto é ilegal no país. O médico, escritor e ativista em favor dos jovens, Christian Lehmann, questionou e criticou a Amazon quanto ao produto. “Vocês não se incomodam com isso Amazon? Como conciliar pedofilia e sexualidade? Ou encontraram um novo nicho?”, escreveu.
Em resposta às críticas, a Amazon culpou os fornecedores que divulgam seus produtos no site e uma nota foi dada para a agência de comunicação global, AFP. “Todos nossos parceiros fornecedores são obrigados a seguir nossas políticas de vendas e qualquer violação resultará na aplicação de sanção apropriada, incluindo a possível exclusão da conta do fornecedor”, informa a Amazon.
Que lição o grotesco erro da Amazon em suas regras e políticas de venda nos dá? De que assim como na França, no restante do mundo, a pedofilia gera muito capital e de que o dinheiro está sim acima de qualquer moral humana. Brasileiros não precisam ir longe para terem noção dessa realidade. A exploração sexual de crianças movimentou R$ 9 milhões no Brasil em 2009, segundo o levantamento realizado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia.
Além dos crimes de pedofilia cibernéticos, o país também possui um número grande de crianças que são usadas como atrativos turísticos, essas crianças são estupradas em troca de dinheiro, que na maioria das vezes não recebem. Por tamanha situação de vulnerabilidade, essas crianças acabam sendo escravizadas, tendo diariamente seus corpos agredidos, quando não são mortos.
Um levantamento divulgado pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos apontou que entre 2011 e 2019, o disque 100 recebeu 350 denúncias de exploração sexual no Brasil. Contudo, esses números são inferiores aos da realidade. Segundo uma investigação feita pela empresa Axur, especializada em monitoramento de riscos digitais, foi constatado que, entre 2013 e 2015, mais de três mil sites para vender turismo sexual e pornografia infantis no Brasil tinham sido criados. Na ocasião, para atender às “demandas” da Copa do Mundo, que aconteceu em 2014.
Fazendo um paralelo entre as bonecas infantis e a realidade das crianças sexualmente exploradas, podemos concluir que além dos abusadores, o dinheiro e poder são verdadeiros inimigos das crianças. Isso diz muito sobre o quanto o mundo caminha para a degradação moral. Estuprar uma criança é tirar dela o direito da saúde física e emocional, e sobretudo o direito de sonhar.
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