Tite assumiu a seleção brasileira durante as eliminatórias para a Copa do Mundo Fifa de 2018, quando esta vivia um péssimo momento sob o comando do emburrado e tetracampeão Dunga. Sua chegada era quase uma unanimidade entre todos os envolvidos no futebol, torcedores, jornalistas, comentaristas e jogadores.
Tite era visto como o mais competente para o papel, tanto pela sua capacidade profissional, demonstrada em seus trabalhos anteriores, quanto pela sua seriedade e índole, características estas consideradas por muitos essenciais para o cargo tendo em vista a sujeira que é o ambiente da CBF, entidade máxima do nosso futebol, onde ele estava adentrando.
Tite chegou e logo alcançou destaque, tanto pela rápida mudança técnica feita na equipe, alcançando resultados positivos e até elásticos, quanto pelos discursos rebuscados feitos, que soavam sempre como coerentes e até mesmo moralistas.
Tite passou a ser visto como padrão de honestidade, coerência, moral e também como um grande motivador. A publicidade pegou carona nesta popularidade e abusou da imagem do treinador nestes contextos. Tite chegou à Copa do Mundo “surfando na crista da onda”.
Foi aí então que as coisas começaram a tomar outros rumos, as atuações da seleção começaram a não agradar, Neymar, carro chefe dos maiores questionamentos feitos ao treinador, voltou a criar polêmicas, uma hora simulando, outra brigando, algumas escolhas do treinador começaram a ser questionadas, como por exemplo: a manutenção de Gabriel Jesus como titular e a sua utilização na marcação, a manutenção de Fred no grupo mesmo não podendo contar com ele que se encontrava lesionado e a convocação de Taison, que não era nem cogitado como opção para entrar e mudar um jogo.
O Brasil foi eliminado na Copa e os questionamentos ficaram bem maiores, as apresentações pós Copa foram bem abaixo do esperado e a situação do treinador mudou completamente, suas entrevistas rebuscadas, antes elogiadas, passaram a ser criticadas e as suas atitudes e discursos até então vistos como coerentes começaram a deixar algumas brechas e a coerência do treinador parece ir apenas até a sua conveniência, vamos a alguns exemplos:
– O treinador passou a braçadeira de capitão para Neymar, talvez do time o menos indicado para tal posto;
– Os amistosos contra seleções sem nenhuma expressão se mantiveram, mesmo o treinador e sua equipe tendo dito em um primeiro momento que isto mudaria. Claro que sabemos que tem muito envolvido e eles tiveram de entrar na dança;
– O treinador que quando treinador de clubes questionava a convocação de atletas em períodos de jogos decisivos, desfalcou alguns clubes em momentos importantes;
– Jogadores em melhores momentos foram preteridos na convocação da Copa América para dar lugar a alguns jogadores que não vivem um bom momento mas que gozam da chamada “confiança” do treinador;
– O treinador puniu um jogador por ato de indisciplina, mas não teve coragem de punir o seu craque pelo mesmo motivo;
Dentre outros fatos que podem ser pontuados.
Fato é que ser treinador da seleção é um cargo de extrema pressão e até responsabilidade, em alguns momento até exageradas, os questionamentos e cobranças são constantes mas se você prega coerência é preciso ser coerente, mesmo quando não lhe é conveniente.