O mês de setembro trouxe com ele um assunto polêmico: sob pressão do Ministério Público, a prefeitura de Ouro Preto decretou retorno às aulas.
Antes de mais nada, é preciso dizer que não há segurança para que tudo volte ao normal, os alunos ainda não foram imunizados e nem todos os servidores tomaram a segunda dose da vacina, será que a cidade quer repetir o descaso estadual de Zema que jogou a educação estadual “às cobras”? Ligou o dane-se e para atender às demandas dos tubarões da educação privada colocou em risco todo o corpo docente e discente mineiro?
Um ponto que acho importante ser pensado é o seguinte: de quem será a responsabilidade se algum servidor ou aluno vier a falecer? A prefeitura vai assumir a culpa? Ou vai negar a sua responsabilidade e fazer o discurso vitimista de que apenas atendeu às recomendações do Ministério Público (MP)?
O MP é outra entidade que merece ser destacada, com sua concepção jurídica que só favorece os ricos, dificilmente dá parecer favorável aos mais pobres, vide a avenida que abriu para o desfile de Zema obrigar o retorno presencial das escolas estaduais, sinceramente, confiar na justiça burguesa é maior erro que muitos movimentos populares ainda cometem.
Como se não bastasse tudo isso, temos ainda a situação caótica estrutural dos estabelecimentos de ensino. Com prédios caindo aos pedaços, a cara de pau das propagandas cibernéticas para a volta ás atividades escolares é impressionante. Chama muito a atenção como em mais de um ano e meio de pandemia e com o aumento da arrecadação do município as escolas e outros recintos não tenham sido adaptadas para o retorno híbrido, nem plataformas digitais pagas o executivo oferece para seus funcionários, precisam ficar fazendo reuniões que caem a cada uma hora e mandando novo link para as pessoas, é uma vergonha.
Como não dá para confiar no bom senso do poder executivo e muito menos no poder judiciário, resta aos trabalhadores da educação realizarem a sua luta ao seu modo: ou seja, com a ajuda do seu sindicato representativo, declarar greve sanitária, com os professores só retornando ao trabalho após o cumprimento de medidas que garantam segurança para todos exercerem a sua tarefa.
É importante destacar que instrumentos radicais como greves só são usados quando se acabam todas as possibilidades de negociação entre trabalhador x patrão, nesse caso, por seguir a recomendação do MP, a Prefeitura de Ouro Preto age mal, colocando todos em risco sem estrutura adequada e ainda em período pandêmico, cabe ao executivo, quando se tem bom senso, enfrentar o aparato da justiça, afinal se a recomendação é injusta, qual o sentido de cumpri-la?
O mês se inicia com luta na rede municipal, e é possível que se encerre com luta similar na rede federal, é hora de apoiarmos os que defendem os direitos de nossos filhos viverem, não podemos cair no erro de condenar quem está à frente por defender o justo e o certo.
Vamos em frente!
Até a próxima!