A data da Independência do Brasil é atribuída a 7 de setembro de 1822 com o episódio conhecido como “Grito do Ipiranga” ou “Grito da independência”.
Vale lembrar que em 13 de agosto de 1822, Pedro I nomeou sua esposa, Leopoldina, Chefe de Estado e Princesa Regente interina do Brasil, pois ele precisava partir em viagem à província de São Paulo, onde permaneceria até 5 de setembro, a fim de resolver alguns conflitos políticos que poderiam inviabilizar o processo de Independência. Entretanto, o clima nas Cortes, em Lisboa, já estava bastante tenso, assim, após receberem mais um ultimato, Leopoldina, na condição de chefe político interino, convocou o Conselho de Estado no Rio de Janeiro e assinou, em 2 de setembro, um decreto declarando o Brasil oficialmente separado de Portugal. Foi somente no dia 7 que Dom Pedro I recebeu a notícia da independência, dando, então, o famoso grito às margens do rio Ipiranga, fazendo com que essa data entrasse para a história como o Dia da Independência.
Muito além da independência do Brasil, a família real desde sua chegada ao nosso país, representou considerável importância para a história da alimentação brasileira.
Foi a partir da independência que se iniciou o processo de migração da Colônia Portuguesa ao Brasil. Os portugueses que vieram para o Brasil tiveram que alterar seus hábitos alimentares e misturá-los aos costumes locais. Uma das principais influências dessa época foram os toques de requinte à mesa, incorporados pelas Senhoras Portuguesas.
Já Dom Pedro I não apreciava luxos à mesa; para mostrar que gostava da comida trivial brasileira, ele preferia ter em suas refeições arroz com feijão e mandioca ou farinha. Em 1818, Dom Pedro I casou-se com Leopoldina que desembarcou no Brasil um ano antes trazendo na bagagem seus alimentos preferidos conservados pelo processo de salga, dentre eles salmão, atum, pescada, carne de porco, ervilha, feijão verde, alcachofras em azeite e bacalhau. Desse modo, o imperador foi induzido a comer algumas iguarias que a princesa europeia trouxe para o Brasil, mesmo não sendo essa a sua principal vontade.
A bebida predileta de Dom Pedro I era a cachaça. Assim como sua mãe, Carlota Joaquina, ele gostava de uma aguardente, a qual era a bebida mais pedida por ele nas tabernas, porém ele também era um apreciador de cerveja e vinho. A cerveja era uma bebida nova no Brasil, tendo chegado aqui pouco antes da Família Real, no final do século 18. O vinho já era mais frequente no copo do imperador até mesmo devido à tradição portuguesa, mas como Dom Pedro I gostava de enaltecer os produtos brasileiros, ele se tornou adepto da cachaça.
Conta-se que a rainha portuguesa, Carlota Joaquina, foi a responsável pela invenção da caipirinha, ao mandar misturar frutas com cachaça para fazer compotas e ingerindo litros da mistura com gelo a fim de se refrescar. Documentos mostram que na lista de compras da cozinha do palácio onde a rainha vivia, constavam grandes quantidades de aguardente de cana. Atualmente a caipirinha é o drink brasileiro mais conhecido internacionalmente sendo reconhecida como bebida patrimônio brasileiro.
A imigração estrangeira agregou novos alimentos e culturas aos hábitos locais que hoje fazem parte da culinária do país. Algumas receitas surgiram à época, como o pão de queijo, lombo de porco, frango com quiabo. Trouxeram feijão tropeiro, barreado, arroz, peixada, bacalhoada e vinhos. Os portugueses ainda trouxeram o hábito do consumo de doces, o que preservamos em nossos costumes até hoje.
Tanto os costumes quanto a alimentação brasileira são frutos de uma grande miscigenação de culturas dos mais diversos países bem como suas diferentes classes sociais. É inegável a influência portuguesa em nosso país, logo, podemos afirmar que nem mesmo o processo de independência pode apagar a herança aqui deixada.