Sem dúvida o final do mês de maio foi um dos mais curiosos dos últimos tempos. Um “lock out”, ou simplesmente, paralisação dos empresários de transporte, literalmente travou o país inteiro graças a falta de combustível.
Esta estratégia, já utilizada pelos mesmos atores para sabotar o governo popular de Allende no Chile em 1972-1973 e ajudar na ascensão do Partido Nazista na Alemanha no início da década de 1930 na Alemanha, fez (e segue fazendo) o governo de Temer, o ilegítimo, literalmente tremer.
Afora alguns lunáticos que não conhecem (ou esqueceram) a própria história do país pedindo “intervenção militar” e a chance cada vez mais real de não termos eleições diretas em outubro, o que mais me chamou a atenção foi a nossa dependência por transportes terrestres.
A malha viária nacional é, sem dúvida, a principal forma de comunicação entre cidades do nosso país, mas por que somente ela? Por que nos tornamos tão dependentes das estradas e rodovias?
A meu ver, isso parece ser um erro de planejamento estratégico do país que perdura, em especial, desde a década de 1950, passando, inclusive, pelos governos Lula e Dilma, afinal imaginar que os governos tucanos de FHC investiriam em infraestrutura nacional é uma piada.
A falta de visão desenvolvimentista capaz de perceber que era preciso um projeto de mudança da quase exclusiva via terrestre para outras formas de ligação a portos e aeroportos cobrou seu preço: deixou nosso país refém desta via, como vimos ao longo das duas últimas semanas.
Quando tudo for normalizado, um ponto a ser pensado com urgência por qualquer estadista que venha a dirigir a nossa nação no futuro próximo é o desafio de se criar meios alternativos além das vias terrestres e aqui, cabe a pergunta que não quer calar: por que abandonamos as ferrovias?
Com um custo infinitamente menor de manutenção, o transporte ferroviário é uma das principais formas de se escoar a produção, em especial agrícola e minerária da maior parte dos países da Europa e Ásia, por que aqui é diferente?
Além destas, temos também a possibilidade de se investir no transporte aquaviário, mas este depende de coincidências geológicas e hidrográficas, como é o caso da Amazônia, por exemplo.
Desta forma, podemos concluir que um projeto de nação soberana perpassa necessariamente pela “democratização” das vias de acesso, com destaque para as ferrovias, mais baratas e tão eficientes que as estradas.
Intervenção Ferroviária Já!
Até a próxima.
Leia também:
- Piso Salarial Nacional do Magistério em Ouro Preto: Eis um grande avanço
- Plano Diretor Participativo: o que é?
- Rio São Francisco: os últimos suspiros de um gigante