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‘4 anos em 1’: Juliano Duarte é ovacionado em Mariana (MG) antes do show de Paula Fernandes

03/07/2022 às 16:23
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4 min
Juliano Duarte - Foto: redes sociais
Juliano Duarte - Foto: redes sociais

Com 1 ano e 6 meses liderando o Executivo em Mariana, Juliano parecia trabalhar em um ritmo de que a qualquer momento ele seria deposto do cargo devido a todo o imbróglio judicial em torno das Eleições de 2020. Talvez essa pressão pela saída repentina tenha acelerado “os afazeres” de tudo que Juliano um dia pensou em realizar sendo prefeito em Mariana e, como conclusão, entendo que o ex-prefeito interino deixou o seu legado.

No dia 1º de julho, ao ser anunciado no palco em um daqueles enfadonhos protocolos em eventos culturais, em que as lideranças políticas são prestigiadas antes de grandes shows públicos, Juliano foi ovacionado por grande parte do público, algo raro no Brasil contemporâneo, em que a desilusão política ou o discurso polarizador são prevalecentes. O agora ex-prefeito foi aplaudido pelo público que foi recentemente pego de surpresa pela troca de comando na cidade, quando a Justiça Eleitoral resolveu “piscar” e achar uma ilegalidade após permitir que um candidato que não poderia assumir a prefeitura aparecesse nas urnas e que o irmão do ex-prefeito reeleito, que representaria uma continuidade familiar do governo anterior, o fizesse por 18 meses.

Mais do que a popularidade do prefeito, o marianense também aplaudiu Juliano como protesto por temer pela volta do recente passado sombrio político da cidade, quando um distúrbio eleitoral fez com que o município tivesse sete prefeitos no intervalo de cinco anos e, como consequência, nenhum projeto social relevante bem desenvolvido na cidade.

Juliano deixou o seu marco e se colocou como o nome a ser batido nas eleições de 2024. Tentou fazer em 1 ano e 6 meses o que, se fosse eleito nas urnas, teria quatro anos para fazer, e isso deixará um legado e um peso enorme para Ronaldo Bento, novo prefeito interino, e o seu provável substituto em 2023, já que o mesmo revelou não querer passar de dezembro o seu comando à frente da prefeitura.

Claro que visando também a sua viabilidade eleitoral nos próximos pleitos, em ritmo acelerado, Juliano causou um êxtase com frequentes anúncios de grandes obras e projetos sociais. Foi assim o Tarifa Zero, o reajuste de 16,34% aos servidores, ao fortalecimento das pautas de defesa animal, o investimento em estrutura para combater o desabastecimento de água nos bairros mais afastados e a viabilidade econômica e política para instalação de leitos de UTI no hospital da cidade. O irmão Duarte também sobressaiu nas pautas culturais, revelando, constantemente, novas atrações de lazer e turismo que atraíram grandes públicos e movimentou a economia do município. Foi o caso do Natureza Gigante, Mundo Jurássico, Iron Biker e o mais recente Festival de Inverno. Isso considerando que em 2021 em boa parte do ano haviam restrições quanto à covid-19.

Mesmo que a premissa jornalística seja sempre àquela de que o jornalismo é de oposição, o que segue prevalecendo neste espaço onde escrevo diariamente, não dá pra negar o óbvio, que o irmão Duarte conseguiu conquistar o que hoje considero como algo quase inimaginável, que é o apoio massivo da população estando à frente do poder. Fenômeno cujas experiências de erros e acertos do governo passado, do irmão mais velho, pode ter ajudado.

Considero que Juliano também foi muito bem acompanhado pela sorte. Sorte pela retomada da Samarco, e assim, pelo aumento considerável da arrecadação da CFEM, que é o imposto pago pelas mineradoras aos estados e municípios aos quais operam. Também considero que a baixa em nomes na Câmara como os de Bruno Mol, Tenente Freitas e Cristiano Villas Boas contribuíram para que Juliano assumisse o poder com uma Câmara mais inexperiente e com nomes ainda de pouca expressão e bagagem política para lidarem com todo o processo que ocorria na cidade. Os que tentaram facilmente foram combalidos, e os mais antigos parecem já não terem disposição para entrarem em uma colisão com o Executivo, seja ele qual for, e acabam “se ajuntando” ao governo.

De tudo exposto, não há dúvidas de que a eleição de 2024 não será fácil para os opositores. Mas ainda restam 2 anos e meio e até lá eu não arrisco em “garantir” nada, considerando que há um curto atalho no caminho entre o heroísmo e a vilania. É assim nos “quadrinhos” e, principalmente, quando se “trata de política”.

Última atualização em 15/07/2022 às 15:40