Quando se adota uma dieta restritiva, em que existe uma lista de alimentos proibidos, é muito comum que surja o interesse em gozar de um dia isento dessas restrições, o que popularmente chamam de “Dia do Lixo”.
Independentemente do tipo de alimento, deve ficar claro que uma ingestão desregrada está relacionada ao consumo involuntário de calorias em demasia e consequente maior risco de excesso de peso, bem como aumento do risco para doenças crônicas não transmissíveis, tais como diabetes, hipertensão, hipercolesterolemia, entre outras.
Sabe-se que devido às consequências prejudiciais à saúde, deve-se evitar diariamente o consumo de alimentos ultraprocessados, assim como o excesso de açúcar, gordura e sal adicionado às preparações. No entanto, separar os ingredientes em “permitidos” e “proibidos” causa uma relação negativa com o alimento, o que aumenta as chances de ocorrerem sentimentos de culpa e comportamentos compulsivos.
O uso da expressão “Dia do Lixo” deve ser extinto, visto que ela indica que certos itens não deveriam ser consumidos, o que cria uma concepção de que existem itens que são vilões ou proibidos. E tudo que não é permitido se torna mais tentador. Quando se está no início de uma reeducação alimentar e na fase de adaptação ao processo, a estratégia de comer tudo o que quiser em um dia é menos recomendada ainda, visto que cria-se uma grande expectativa em torno desse momento, o que leva à perda de controle e, consequentemente, a uma compulsão alimentar.
Uma estratégia interessante, por exemplo, é escolher uma refeição pontual na semana como momento livre, e não todas as refeições do dia, pois assim se mantêm a maioria das refeições na estrutura habitual, enquanto permite-se uma flexibilidade na vida social, sem sacrificar festas, saídas com amigos e outros eventos onde normalmente come-se mais. Até mesmo porque uma refeição livre pode ser ótima para a mente, visto que somos seres sociais, e a comida faz parte das nossas interações cotidianas.
Uma reeducação alimentar é a maneira mais eficiente de se promover uma relação saudável com a alimentação. Nela não há espaço para restrição, nem para a mentalidade de “tudo ou nada”. A premissa é a moderação, para que não seja necessário que nos privemos de consumir os alimentos que gostamos, desde que haja equilíbrio e autocontrole, pois desde que haja rotineiramente uma consistência no cardápio, permitir-se esporadicamente uma refeição livre não alterará os resultados.