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Filme sobre tragédia em Mariana estreia em festival no Rio

Evento acontece entre os dias 9 e 19 de dezembro, exclusivamente, de forma presencial.
08/12/2021 às 22:57
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5 min
Foto: José Cruz/Agência Brasil
Foto: José Cruz/Agência Brasil

O filme “Barragem”, que conta a história dos atingidos pela barragem da Samarco, em Mariana, fará a sua estreia no Festival do Rio, competindo na seção “Novos Rumos”. O evento acontece entre os dias 9 e 19 de dezembro, exclusivamente, de forma presencial. O documentário tem direção de Eduardo Ades, que fez “Crônica da Demolição” e “Torquato Neto — Todas as Horas do Fim”.

O longa começa com imagens da destruição de Bento Rodrigues pelos rejeitos de minério, após o rompimento e, a partir daí, a produção acompanha a luta dos moradores da comunidade atingida para conseguir a reparação de suas perdas.

As imagens que abrem o filme foram feitas por um funcionário de uma terceirizada da Samarco e a história mostra a batalha judicial que o próprio diretor do longa acompanha de perto. Ades, que estava finalizando seu segundo longa quando houve o rompimento, quis registrar a tragédia e seus desdobramentos. As filmagens começaram pouco tempo depois do rompimento, no começo de 2016, e seguiram por todo esse ano. O diretor e seu equipe voltaram em 2019, para finalizar as histórias. Eduardo também trabalhou com Maria Augusta Ramos, como produtor, em “Morro dos Prazeres”.

O diretor esteve próximo dos homens e mulheres que perderam suas casas, amigos e parentes. Ades trabalhou com uma equipe enxuta, o que também possibilitou maior proximidade com os moradores de Bento Rodrigues. Fizeram parte da produção: o diretor de fotografia e câmera Thiago da Costa Oliveira, que tem formação e experiência em antropologia, e, por isso, já tinha conhecimento de como filmar uma comunidade; o técnico de som Antônio Carlos Liliu; e a produtora local Claudia Pessoa, que ajudou nos contatos e na aproximação com os moradores e moradoras da região.

Com cerca de 140 horas de material bruto, o diretor trabalhou em parceria com João Felipe Freitas na montagem. Ao todo, foram dois anos desse processo, buscando a construção de uma narrativa.

Sinopse

“Barragem” é um documentário em cinema direto sobre a luta dos atingidos pelo maior desastre ambiental do Brasil para obter reparação. Após o rompimento da barragem de rejeitos de mineração da Samarco, em 2015, os moradores de Bento Rodrigues ficaram sem casa e sem fonte de renda. Desilusão, desinformação, desunião e protelações marcarão o caminho de resistência dos atingidos ao longo dos anos.

Ficha Técnica

  • Direção e Roteiro: Eduardo Ades
  • Produção: Eduardo Ades, João Felipe Freitas
  • Produção executiva: Eduardo Ades, João Felipe Freitas, Daniela Santos
  • Direção de fotografia: Thiago da Costa Oliveira
  • Som direto: Antônio Carlos Liliu
  • Montagem: João Felipe Freitas
  • Desenho de Som: Felippe Schultz Mussel
  • Mixagem: Jesse Marmo
  • Música: O Grivo
  • Elenco: Mauro Marcos da Silva, Mônica dos Santos, Antônio Geraldo dos Santos
  • Empresa produtora: Boituí
  • Apoio: CinebrasilTV
  • Financiamento: Fundo Setorial do Audiovisual / Ancine / BRDE

Biografia do diretor

Eduardo Ades é diretor, roteirista e produtor de cinema. Ele fez os documentários “Barragem” (2021), “Torquato Neto – Todas as horas do fim” (2017) e “Crônica da demolição” (2015); e do curta de ficção “A Dama do Estácio” (2012). Produtor de “Mata” (Fábio Nascimento e Ingrid Fadnes, 2020), “Yorimatã” (Rafael Saar, 2014), e diversos curtas. Produtor associado de “Morro dos Prazeres” (Maria Augusta Ramos, 2013). Seus filmes, como diretor ou produtor, receberam mais de 80 prêmios em festivais como Biarritz, Festival de Brasília, Festival do Rio, Paulínia, Gramado; e participações em Havana, Locarno, Rotterdam, Oberhausen e IndieLisboa, entre outros.

Seis anos do rompimento

A tragédia da Samarco completou seis anos neste mês e, por falta de punições às pessoas envolvidas e a demora nos reassentamentos às comunidades que foram diretamente atingidas, o último dia 5 de novembro foi marcado por diversas manifestações.

O terceiro prazo de entrega dos reassentamentos completou nove meses de vencimento e apenas 10 das 247 casas do novo Bento Rodrigues foram finalizadas, de acordo com a Fundação Renova.

Durante quase 70 meses, nem as obras de infraestrutura foram finalizadas. A Renova afirma que, até julho, essas intervenções haviam atingido 95% e alega que o restante é relacionado diretamente com a construção das casas. De acordo com a entidade, 186 projetos básicos foram protocolados na prefeitura, 153 alvarás foram emitidos (149 de casas e quatro de bens públicos), bem como 19 licenças licenças simplificadas para lotes.

Em Paracatu de Baixo, a lentidão na entre das residências é ainda maior, tendo a primeira parede sendo levantada em setembro deste ano. De acordo com a Fundação Renova, seis residências tiveram obras iniciadas, mas apenas a montagem de instalação foi concluída.

A previsão é que o reassentamento abrigue 94 famílias em Paracatu de Baixo. A Renova informou que 64 projetos básicos foram protocolados na Prefeitura de Mariana. Foram liberados, até o momento, 39 alvarás de casas e emitidos cinco alvarás para bens coletivos.

Última atualização em 19/08/2022 às 06:17