Mais do que a uva passa, a época do Natal remete a uma iguaria extremamente comum nesse período: O Panetone.
Existe uma teoria de que a palavra “Panetone” significa “Pani di Toni”, ou seja, “Pão de Toni”. Porém, essa é apenas uma das histórias que tentam explicar a origem do panetone. Nessa história, esse quitute é uma receita criada na cidade de Milão por um padeiro italiano chamado Toni, quando após trabalhar exaustivamente na véspera de Natal, Toni, a pedido de seu chefe, fazia, ao mesmo tempo, uma fornada de pães e uma massa de torta. Devido ao seu cansaço ele acabou colocando as frutas da torta na massa de pães e tentou consertar a falha acrescentando também frutas cristalizadas, manteiga e ovos na receita. Ao levar a “torta de pão” para que seu chefe degustasse, a preparação proveniente de um erro foi aprovada e com o tempo se tornou um sucesso em toda a cidade.
Outra versão diz que Toni era um jovem aprendiz que na véspera do Natal de 1495, ao auxiliar o chefe que preparava o banquete da corte de Sforza, ficou incumbido de supervisionar o forno em que se assavam grandes biscoitos que seriam o grande desfecho do jantar do duque. Toni, já exausto pelo trabalho, adormeceu por alguns minutos e os biscoitos queimaram. Com isso, temendo a reação do chef e dos convidados, o jovem aprendiz resolveu utilizar a massa de fermento que havia guardado para o pão de Natal, misturando farinha, ovos, açúcar, passas e frutas cristalizadas, até obter uma massa macia e muito fermentada, que foi assada e servida no banquete, tendo sido essa sobremesa aprovada por todos os convidados.
Outra teoria aponta que o panetone teve sua origem na Idade Média, durante o século XV, quando era costume dos duques celebrarem a véspera de Natal com um pão diferenciado do consumido diário. Tal costume era chamado de ritual do tronco, onde três pães eram colocados sobre um tronco na lareira. Dos três pães, apenas dois eram consumidos, sendo que o terceiro era deixado para ser consumido no ano seguinte, representando a continuidade do costume. Se por um lado havia um elemento de conexão com o produto básico da comida diária, pão; por outro, os ingredientes e especiarias o tornavam precioso, conforme os gostos dos tempos medievais ou do Renascimento
A receita clássica de Panetone é uma só, protegida por um decreto assinado em 2005 na Itália, o qual determina as quantidades mínimas que devem ser usadas de cada ingrediente para a confecção desse pão. Para ser um Panetone de verdade, portanto, é preciso acertar as quantidades de farinha, sal, água, açúcar, ovos e frutas cristalizadas determinadas nesse decreto.
Os famosos chocotones, colombas, panetones salgados e outras receitas que tem como base esse tipo de pão, apesar de não poderem ser comercializadas como Panetones clássicos, são um sucesso até mesmo na Itália, sendo comercializadas como versões desse tipo de pão.
Tudo indica que o panetone é uma receita de origem coletiva, sendo resultado de muitos erros e colaborações, portanto, não se pode determinar com precisão absoluta seu lugar e data de nascimento.
Foi no início do século XX que o consumo de panetone durante as festas se tornou popular graças às inovações introduzidas por Angelo Motta, dono de uma padaria em Milão, que decidiu adicionar levedura à receita tradicional, embrulhando a massa em um papel manteiga especial. Com isso, ela ganhou a forma mais arredondada que conhecemos hoje.
O sucesso dessa sobremesa ultrapassou as fronteiras do país e se transformou em uma tradição natalina em vários países da América do Sul, como Brasil, Argentina, Uruguai e Peru. O Panetone chegou no Brasil na época da Segunda Guerra Mundial, quando milhões de italianos vieram para o país, tendo sido esses imigrantes os responsáveis por espalhar essa iguaria que era muito popular entre eles.
Hoje, o Panetone é um dos principais pratos do Natal brasileiro, o que se confirma pelo fato de que depois da Itália e do Peru, o Brasil é o país que consome mais panetone. É também brasileira a empresa que produz mais panetones no mundo: a Bauducco, que foi fundada em 1952 em São Paulo por um imigrante italiano, Carlo Bauducco.
Há quem ame e também quem o odeie, mas o que não se pode negar é a importância cultural e toda carga de tradição e história que esse alimento possui.