Este deveria ter sido o ano em que o sonho de longa data do Paris Saint-Germain de ganhar a Champions League se tornaria realidade. Uma campanha de recrutamento, no verão, que deu origem a um jogo de vídeo, viu Sergio Ramos, Gianluigi Donnarumma, Georginio Wijnaldum e um certo Lionel Messi chegarem ao Parc des Princes de graça, enquanto mais de 80 milhões de libras esterlinas foram derramadas sobre Achraf Hakimi, Danilo Pereira e Nuno Mendes.
Sem conseguirem levantar o troféu de orelhas grandes ao longo de uma década após serem comprados pelo mega rico consórcio Qatar Sports Investments, agora, a taça parecia quase impossível de não ser conquistada. O consenso geral era que não haveria como parar a frente letal com três dos melhores jogadores do mundo: Neymar, Messi e Kylian Mbappé. Mas a realidade é que isso não funcionou assim para Mauricio Pochettino.
A chegada de Messi foi inquietante para Mbappé. Com o enorme ego do jovem de 23 anos, ele precisava ser a estrela do show no Parc des Princes. A chegada do argentino à capital francesa significava que o menino de ouro do PSG estava se sentindo ameaçado, mais do que excitante – mesmo tentando forçar uma mudança para o Real Madrid antes que a janela de transferência de verão se fechasse no final de agosto.
Mas essa mudança não acabou se concretizando e, apesar de lances maciços do Los Blancos, a equipe parisiense foi restaurada como a favorita para a Champions League, de acordo com a casa de aposta esportiva – esperava-se que o PSG atropelasse a todos em direção ao sucesso europeu, conquista essa que os torcedores, jogadores e a diretoria tanto almejam.
Contudo, o plano diretor do PSG não funcionou exatamente como eles haviam imaginado quando elaboraram os planos para o negócio de transferências do verão passado. Ramos mal jogou, fazendo apenas quatro participações na Ligue 1 e nenhuma na Champions League. Sem mostrar nada, Wijnaldum ficou mais como promessa no papel e no banco de reservas, e ainda não temos certeza absoluta Messi realmente foi útil no ataque – dois gols em 17 jogos da liga sugerem o contrário.
De qualquer forma, estar emparelhado com o Real Madrid nas oitavas de final da Champions League – inicialmente empatando com o Manchester United no sorteio que teve que ser refeito devido a um erro técnico – foi o primeiro teste real da garra do time. E eles passaram com distinção durante os primeiros 150 minutos em duas partidas, ostentando uma vantagem de 2-0 no agregado.
Mas o que aconteceu em seguida foi apenas algo típico do PSG. Em boa fase, Karim Benzema liderou um retorno sensacional para a equipe de Carlo Ancelotti – marcando um hat-trick nos 30 minutos finais no Santiago Bernabéu para virar o resultado e tirar os homens de Pochettino da Europa, quando o empate já era dado como certo, de acordo com o blog Betfair.
Madrid deu um pontapé contra todas as probabilidades e o PSG voltou para a capital francesa com o “rabo entre as pernas” e sérias perguntas a serem feitas à equipe técnica e aos jogadores pelo proprietário Nasser Al-Khelaifi – que, compreensivelmente, parecia longe de estar satisfeito quando ele desapareceu nos confins privados do Bernabéu quando o apito final soou e a capital espanhola irrompeu.
De fato, com a probabilidade de Mbappé chegar ao vestiário da casa na próxima vez que estiver em Madri, pois é apenas uma questão de tempo até que ele assine aquele acordo pré-contrato com o Los Blancos, esta talvez tenha sido a melhor chance do PSG até agora para ganhar a Champions League e pode demorar um pouco até que eles se encontrem em boas condições de fazê-lo novamente.
O jogador de 23 anos não será difícil de substituir, especialmente porque o PSG não vai receber uma etiqueta de preço considerável por seu homem estrela, tendo recusado 170 milhões de euros em agosto passado. Erling Haaland estará disponível por uma taxa acessível neste verão, mas quando todas as opções estiverem dispostas na mesa, é extremamente improvável que o norueguês artilheiro escolha o Parc des Princes.
Depois, há questões em torno de Messi, Ramos e Wijnaldum. Este último deixou claro que não está satisfeito com seu papel e pode procurar uma saída, enquanto Ramos também deixa uma frustração tanto para ele quanto para o clube até o momento. Isso deixa o curioso caso de Messi. Agora, no crepúsculo de sua maravilhosa carreira, será que o PSG está realmente fracassando com o jogador de 34 anos?
É claro que Pochettino também não é o homem para guiar o PSG à glória europeia. E com o Manchester United sempre farejando por aí, poderia haver ainda mais agitação com outro novo gerente pronto para assumir o lugar quente parisiense – o que seria a sexta mudança técnica desde que os novos proprietários assumiram o controle em 2011.
Depois que todos estavam tão certos de que este seria o seu ano, a incerteza paira mais uma vez sobre a capital francesa. Outra oportunidade se foi e quem sabe quando eles estarão em um lugar melhor do que esse?
