A detonação de explosivos dentro do complexo onde fica a mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, foi confirmada ontem (25), pelo delegado Luiz Otávio Paulon, da Delegacia de Meio Ambiente de Minas Gerais, data que a tragédia completa exatos 5 meses.
Segundo o delegado, as detonações teriam acontecido pouco tempo antes do rompimento da barragem, que aconteceu em 25 de janeiro. No entanto, a Vale nega que o fato tenha ocorrido antes do rompimento da barragem de Brumadinho.
Apesar da informação divulgada, não se sabe se o episódio influenciou o desabamento da barragem. No entanto, o laudo de estabilidade emitido pela TUV SUD, empresa que realizava a auditoria do local, recomendava que a empresa não realizasse detonações nas proximidades da barragem.
O que apontou a polícia de Meio Ambiente
De acordo com as conclusões da polícia, a explosão aconteceu dentro da cava, a cerca de 1,5 km de distância da barragem. No entanto, as investigações apontam algumas divergências de horário do momento da detonação.
Funcionários da empresa que foram ouvidos na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) confirmam as detonações. No entanto, as declarações divergem quanto ao horário que as detonações teriam ocorrido.
Um dos funcionários ouvidos, o mecânico Eiichi Pampulini, que prestava serviços para a Vale, explicou aos parlamentares que foi chamado ao local para remover um trator e depois presenciou uma explosão. “Eu vi a detonação e, assim que eu desci, a barragem estava no chão”, completa. O mecânico afirma que a explosão teria ocorrido por volta das 12h20 e das 12h40.
Já o aplicador de explosivos, Edmar de Resende, afirma que a operação foi coordenada por ele, já que seus superiores diretos estavam na área atingida pela lama. “Eu ia realizar a detonação final, porém houve o sinal de alerta pelo rádio. Eu estava lá, eu era o responsável, eu iniciei o desmonte remoto às 13h33”. O funcionário ainda reconheceu que mais de uma detonação de explosivos poderia acontecer por dia.
Possível influência
O disparo dos explosivos não ocorreu na Córrego do Feijão, mas sim dentro da cava da mina da Jangada. As duas minas ficam localizadas dentro do Complexo Paraopeba. Por isso, além de investigar o horário da detonação, a Polícia Civil também vai averiguar se a explosão influenciou na ruptura da barragem.
Após cinco meses do rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão em Brumadinho, o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais confirmou exatos 246 vítimas fatais e ainda realiza buscas por cerca de 24 pessoas dadas como desaparecidas.