Na coluna da semana passada falamos sobre a compulsão alimentar; hoje continuando o assunto falaremos sobre os dois principais tipos de transtornos alimentares: a anorexia nervosa e a bulimia nervosa.
Acredita-se que inúmeros fatores podem desencadear os transtornos alimentares, dentre eles os fatores, biológicos, psicológicos e sociais, destacando-se dentre este último, a influência da cultura da magreza que, principalmente as mulheres, sofrem nas sociedades ocidentais e que favorece o desenvolvimento desses transtornos.
A anorexia nervosa é um distúrbio alimentar caracterizado pela negação do apetite e perda de peso excessiva.
Características da Anorexia nervosa:
- O início é marcado por uma restrição dietética progressiva com destaque para a eliminação de alimentos pertencentes ao grupo dos carboidratos.
- As pacientes passam a apresentar certa insatisfação com os seus corpos assim como passam a se sentir obesas apesar de muitas vezes estarem apresentando uma distorção da autoimagem corporal.
- O medo de engordar é uma característica determinante, visto que serve como um diferencial para outros tipos de anorexia secundárias a doenças clínicas ou psiquiátricas.
- A prática de exercícios físicos é frequente e muitas vezes exaustiva, realizada com o objetivo de queimar calorias e perder peso.
As complicações médicas associadas a este transtorno alimentar podem surgir em decorrência da desnutrição e dos comportamentos purgativos, tais como anemia, alterações endócrinas, osteoporose e alterações hidroeletrolíticas (especialmente hipocalemia, que pode levar a arritmia cardíaca e morte súbita), dentre outras. Podem ocorrer transtornos do humor, transtornos de ansiedade e/ ou transtorno de personalidade.
A Bulimia nervosa é um distúrbio alimentar caracterizado por uma ingestão alimentar intensa, seguida de purgação no intuito de evitar o ganho de peso.
Características da Bulimia nervosa:
- O episódio de compulsão alimentar é o sintoma principal e costuma surgir no decorrer de uma dieta para emagrecer podendo ocorrer em todo tipo de situação que gera sentimentos negativos (frustração, tristeza, ansiedade, tédio, solidão).
- São utilizados mecanismos compensatórios após episódios de ingestão alimentar exagerada, na tentativa de se fazer um controle do peso. Dentre os principais métodos utilizados podemos citar a autoindução de vômitos, o uso inadequado (sem prescrição médica) de medicamentos do tipo laxativo, diuréticos e inibidores de apetite. Jejuns prolongados e exercícios físicos exagerados também são artifícios usados pelos pacientes bulímicos.
- Observa-se no paciente uma preocupação excessiva com a forma e o peso corporal.
As complicações clínicas são decorrentes principalmente das manobras compensatórias para perda de peso, dentre as quais podemos citar: erosão dos dentes, alargamento das parótidas, esofagites, hipopotassemia, alterações cardiovasculares, dentre outras. Além de uma ocorrência aumentada de transtornos do humor e de transtornos de ansiedade.
O tratamento dos transtornos alimentares deve ser feito com participação ativa da família, amigos, médico, nutricionista e psicólogo de modo a proporcionar ao paciente todo o apoio que ele necessita, procurando encontrar o possível agente desencadeador do primeiro sintoma apresentado, a fim de se possibilitar a cura do paciente e evitar a ocorrência de novos episódios. Porém o melhor tratamento para qualquer problema de saúde sempre será a prevenção.
Fundamental é que cada um de nós se aceite como é; cada pessoa possui a sua individualidade e isso é o que nos torna únicos. Não existe um padrão a ser seguido e a busca pelo “ideal” quando associada à perda de prazer é uma caminhada sem sucesso. Nenhum corpo é perfeito se não tem saúde nele!