Provavelmente você conhece algum adulto que não come determinados alimentos, evita alimentos naturais como frutas e legumes, e claramente tem preferência por alimentos processados, frituras e doces. Esse tipo de comportamento caracteriza o chamado paladar infantil, ou seja, um adulto que prefere consumir alimentos sem propriedades nutritivas consideráveis.
A rejeição de alimentos pode causar importantes perdas na qualidade alimentar, visto que a pessoa acaba não ingerindo alimentos com nutrientes essenciais. Dependendo do grau de rejeição alimentar, esse hábito pode, com o passar do tempo, resultar em casos de anemia, desnutrição, bem como aumento dos níveis de colesterol e triglicérides, por exemplo.
Mas vale lembrar que maus hábitos são diferentes de um transtorno alimentar. O paladar infantil é considerado um mau hábito alimentar. Esse comportamento passa a ser preocupante nos casos em que ocorre o Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo (TARE), o qual é definido como uma recusa ou restrição alimentar que pode ocasionar insuficiência nutricional e, consequentemente, levar a problemas como peso inadequado, dependência de suplementação, dificuldades de socialização, entre outros.
O TARE se manifesta de formas diferentes de um indivíduo para o outro, o que dificulta a diferenciação entre a má alimentação e o transtorno. No entanto, um importante traço do TARE é quando a pessoa deixa de comer grupos inteiros de alimentos, como por exemplo, todos os tipos de frutas; ou mesmo quando recusa certos alimentos exclusivamente pela cor, textura, temperatura e/ou odor. Além disso, pode até mesmo sentir medo ou nojo de experimentar novos alimentos.
É importante destacar que para ser considerada TARE essa recusa não deve estar relacionada a práticas culturais ou religiosas. É mais comum que o TARE se desenvolva na infância, podendo persistir na idade adulta. O que gera muita confusão para a pessoa, que entende a situação como um mero hábito, ou tem a situação normalizada socialmente sendo classificada simplesmente como uma pessoa “chata para comer”.
Em casos de se notar a frequente dificuldade na aceitação de certos alimentos, procure seu médico, pois ele será capaz de identificar a causa e se há a presença de um transtorno alimentar, para que assim as possíveis consequências na saúde física, mental e social possam ser tratadas e, junto ao nutricionista, o paciente receba auxílio para aderir a uma reeducação alimentar e assim conquistar uma melhor relação com os alimentos.