Para vencer a desnutrição basta comer mais?

por Franciele Santana

É comum de se pensar que para recuperar um quadro de desnutrição basta oferecer maior quantidade de calorias e nutrientes. No entanto, é preciso estar atento quanto ao risco da chamada síndrome de realimentação.

Para vencer a desnutrição basta comer mais?
Imagem ilustrativa

A síndrome de realimentação caracteriza-se por alterações neurológicas, sintomas respiratórios, arritmias e falência cardíacas, poucos dias após a realimentação. Ocorre devido desequilíbrios de fluidos e eletrólitos em consequência do suporte nutricional (oral, enteral ou parenteral) em pacientes gravemente desnutridos, tendo como causa a sobrecarga na ingestão calórica e reduzida capacidade do sistema cardiovascular.

A síndrome de realimentação foi inicialmente descrita após a segunda guerra mundial, quando indivíduos que passaram por longos períodos de jejum apresentaram precipitação de falência cardíaca quando realimentados. A partir de então, tem sido detectada em pacientes com privação alimentar prolongada como os sobreviventes de guerra, refugiados e grevistas de fome, e em desnutridos com e sem estresse fisiológico.

Os sintomas podem variar de leve a grave, dependendo do tempo de jejum ou grau da desnutrição e da terapia nutricional instituída. Desse modo, os pacientes de risco devem ser detectados precocemente a fim de evitar graves alterações.

Situações de risco para ocorrência da síndrome de realimentação são os pacientes com marasmo ou kwashiorkor; pacientes com perda de peso superior a 10% em um período de dois meses; em pacientes em jejum por 7 a 10 dias, na vigência de estresse e depleção; significativa perda de peso em obesos, inclusive após operações bariátricas; em pacientes em quimioterapia; idosos subnutridos em realimentação; pacientes em pós-operatório de operações de grande porte; alcoolismo crônico; e em transtornos alimentares.

A glicose e os eletrólitos plasmáticos, particularmente sódio, potássio, fosfato e magnésio, devem ser monitorados antes e durante a realimentação, por pelo menos quatro dias. Antes da realimentação os distúrbios eletrolíticos e a deficiência de vitaminas devem ser corrigidos e o volume circulatório cuidadosamente restabelecido.

Para que haja recuperação do estado nutricional sem que ocorra a síndrome de realimentação é recomendado que seja feita uma oferta calórica inicialmente reduzida, progredindo de acordo com os resultados da monitoração diária de eletrólitos séricos, funções vitais e balanço de fluídos.

A recuperação da desnutrição é um processo difícil, visto que antes de aumentar as calorias da dieta é necessário que seja feita a reposição de vitaminas e minerais. Aliado a isso é importante que haja prática de atividade física, visto que o objetivo não é apenas o ganho de peso e tecido gorduroso, mas recuperação de tecido muscular. A recuperação da desnutrição é um processo longo e deve ser feito com parcimônia, visto que é muito mais complexo do que imaginamos.

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